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| - “Todos sabem que a Iniciativa Liberal (IL) acha que o Governo PS é um mau Governo para Portugal. Desde que entrámos neste Parlamento, as nossas críticas e propostas alternativas têm sido uma constante. Mas na semana passada, a IL decidiu apresentar a moção de censura que aqui se discute, algo que não fazemos de ânimo leve. (…) Porquê agora? A resposta é simples. Perante as evidências destes nove meses de maioria absoluta, já não acreditamos que este Governo seja capaz de renovar-se e de evitar a contínua degradação da vida pública e da vida política”, começou por explica João Cotrim de Figueiredo no início do Plenário, esta tarde, na Assembleia da República.
Segundo o liberal, o “Governo já não é só incompetente”, mas sim “uma fonte de instabilidade”, o que justifica a moção de censura apresentada pelo seu partido e que contará apenas com o voto favorável do partido à sua direita, o Chega. Sobre os “podres” do Executivo, Cotrim de Figueiredo escolheu o SNS para dar início ao “ataque”:
“Temos incompetência na gestão dos serviços públicos a começar na saúde, onde o colapso está a ser vivido por todos. Em novembro, já eram mais de 1 milhão e 420 mil portugueses sem médico de família. Caos completo nas urgências. Dívidas a fornecedores no SNS: mais de 2.400 milhões de dívidas a hospitais e 1.081 milhões de euros à indústria farmacêutica. Isto é muito mais do que a dívida que existia do que a que a troika, que o PS chamou para Portugal, encontrou em 2011.”
Os dados confirmam a alegação de Cotrim de Figueiredo?
Segundo o portal “Transparência” do SNS, a dívida do Serviço Nacional de Saúde aos fornecedores externos atingiu os 2.470 milhões de euros em novembro de 2022, o valor mais alto na série registada pela mesma fonte (que começa em janeiro de 2014). Em 2011, porém, quando a Troika foi chamada a intervir, o valor da dívida do SNS aos fornecedores chegou a atingir os 3,1 mil milhões de euros, um número em muito superior ao agora registado.
Quanto à dívida ao setor farmacêutico, a verdade é que esta era, em dezembro de 2011, de 1.270,6 milhões de euros. Já em outubro de 2022, segundo dados da Apifarma, esta cifrava-se nos 1.081,3 milhões de euros, menos cerca de 200 milhões do que no final de 2011.
Em suma, os números de Cotrim de Figueiredo, apesar de certeiros, não confirmam a sua afirmação sobre o montante total da dívida do SNS aos hospitais e à indústria farmacêutica: afinal, tanto a soma quanto os dois indicadores, individualmente, eram mais avultados em 2011.
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Avaliação do Polígrafo:
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