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| - Cerca de uma semana depois (23 de fevereiro de 2021) de ter colocado o seu visto na auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (16 de fevereiro de 2021) que confirmava a existência de diversas irregularidades nos “procedimentos de contratação pública e despesa nas empreitadas” relativas à requalificação do antigo Hospital Militar de Belém, para ser transformado no Centro de Apoio Militar (CAM) – Covid-19, o então ministro da Defesa Nacional emitia o despacho que afastava Alberto Coelho da chefia da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, através da não renovação da respetiva comissão de serviço.
João Gomes Cravinho preferiu mesmo nomear, desde logo, um novo diretor-geral, em regime de substituição (Vasco Hilário), do que esperar pelo resultado do concurso que entretanto ordenou para só então proceder à mudança do titular do cargo.
Porém, poucas dias decorridos, em março, Coelho acabaria nomeado por Cravinho para outro cargo de chefia no Estado, desta vez no setor empresarial. Em março, foi indigitado para presidente do Conselho de Administração da ETI (EMPORDEF – Tecnologias de Informação, S.A), uma das empresas da holding idD Portugal Defence, cuja missão “consiste na gestão de participações sociais detidas pelo Estado em sociedades ligadas direta ou indiretamente às atividades de Defesa, como forma indirecta de exercício de actividades económicas” e que é detida a 100% pelo Estado (Direção-Geral do Tesouro e Finanças).
O mandato de Coelho terminou a 31 de dezembro de 2021, tendo ainda permanecido em funções durante vários meses deste ano, até que o seu sucessor (Luís Vieira) fosse escolhido e tomasse posse.
Em julho de 2021, confrontado na Comissão Parlamentar de Defesa com esta nomeação, Cravinho considerou que “defendia e promovia o interesse público” e justificou-a com a manifestação de interesse naquele sentido da própria idD Portugal Defence.
Mas, sobre esta nomeação, precisamente o presidente da idD Portugal Defence, Marco Capitão Ferreira (mencionado pelo ministro da Defesa quando inquirido no Parlamento) referiu o seguinte, no dia 24 de novembro de 2021, também na Comissão de Defesa:
“O Estatuto de Gestor Público claramente diz que quando se trata de nomeação de administrações essas nomeações são da competência das tutelas financeira e setorial, devidamente articuladas.”
De resto, uns meses antes, a 23 de fevereiro, já com conhecimento do resultado da auditoria da IGDN, o ministro da Defesa à época tinha expressado grandes elogios a Coelho, na Comissão Parlamentar de Defesa, justamente em resposta a perguntas de deputados sobre as possíveis irregularidades cometidas pelo diretor da DGRDN nos procedimentos associados à construção do CAM – Covid-19.
Assim, é verdade que Cravinho nomeou Coelho para presidente do Conselho de Administração de uma empresa do Estado poucos dias depois de conhecer a auditoria que lhe apontava irregularidades graves.
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Avaliação do Polígrafo:
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