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| - “Boas notícias: Portugal é o maior produtor de bicicletas da União Europeia! Más notícias: É o país da União Europeia que menos as utiliza como meio de transporte! Este assunto não pode ficar na gaveta para sempre”, destaca-se num post de 3 de maio no Facebook, remetido ao Polígrafo para verificação de factos.
Partilha uma outra publicação do mesmo dia, na qual se aponta no mesmo sentido: “É curioso, o país que mais bicicletas produz na Europa é aquele que menos anda de bicicleta.”
Essa segunda publicação exibe um gráfico (ou mapa) com a distribuição por cada país da União Europeia dos resultados de um inquérito (datado de 2014) sobre a utilização de bicicleta como meio de transporte. Portugal é o que apresenta uma das menores percentagens, 1%, a par de Chipre, mas importa ressalvar que há um país com 0%, Malta, quase imperceptível na imagem.
A informação em causa está factualmente correta?
De acordo com os últimos dados do Eurostat, serviço de estatística da União Europeia, Portugal destacou-se como o maior produtor de bicicletas entre todos os Estados-membros no ano de 2021, com um total de 2,9 milhões de unidades.
O segundo maior produtor ou fabricante em 2021 foi a Roménia com um total de 2,5 milhões de unidades, seguindo-se a Itália (1,9 milhões), a Alemanha (1,4 milhões) e a Polónia (1,2 milhões).
O Eurostat detalha que o conceito de bicicletas inclui outros velocípedes, nomeadamente triciclos não motorizados. Em 2021 registou-se a produção ou fabrico de um total de 13,5 milhões de unidades em toda a União Europeia, o que corresponde a um incremento de 11% em comparação com o ano de 2020.
Quanto à utilização regular da bicicleta como meio de transporte, os dados do gráfico apresentado no post são verdadeiros, têm origem num “Eurobarómetro” da Comissão Europeia, mas remontam a 2014. Ou seja, estão desatualizados.
Há um “Eurobarómetro” mais recente, elaborado em 2019 (pode consultar aqui), em que se coloca a mesma pergunta – “Num dia típico, qual é o seu principal meio de transporte?” (“principal” no sentido de “transporte que utiliza mais tempo”) – aos inquiridos em cada Estado-membro da União Europeia.
Ora, no inquérito de 2019, o facto é que nenhum dos inquiridos em Portugal (0%) respondeu que utiliza “bicicleta ou trotinete (incluindo elétricas) detida pelo próprio” como principal meio de transporte, muito abaixo da média da União Europeia que ascende a 8%.
Entre 2014 e 2019, neste indicador, Portugal baixou de 1% para 0%, sobressaindo como o país da União Europeia – a par de Chipre que também regista 0% – em que menos se utiliza “bicicleta ou trotinete (incluindo elétricas) detida pelo próprio” como principal meio de transporte.
Importa referir que, em 2014, além de estar ao mesmo nível de Chipre (ambos com 1%) neste indicador, Portugal ainda assim estava acima de Malta que registava 0%. No inquérito de 2019, porém, Malta subiu para 2%, deixando a última posição da tabela para Portugal e Chipre.
Em sentido oposto, no topo da tabela destacam-se os Países Baixos (41%) e a Suécia (21%).
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Avaliação do Polígrafo:
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