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| - “Portugal é o quinto país da União Europeia onde as pessoas têm menos condições económicas para manter as casas aquecidas no pico do frio ou arrefecê-las no pico do Verão. Isto significa que há dois milhões de pessoas que se encontram atualmente em pobreza energética”, lê-se no post de 15 de maio na página oficial do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) no Facebook.
“Quase no fim das negociações do Orçamento do Estado para 2022, continuamos sem ver refletidas propostas sérias que resolvam o problema das pessoas que sofrem, todos os dias, com esta dura realidade. Precisamos de apoios para obras, para as famílias em situação de vulnerabilidade melhorarem as suas casas e conseguirem pagar as faturas de eletricidade das famílias em situação de maior vulnerabilidade”, acrescenta-se no mesmo texto.
De acordo com os mais recentes dados do Eurostat, serviço de estatística da União Europeia, recolhidos a partir de um inquérito, cerca de 8% da população dos 27 Estados-membros da União Europeia declarou que não teve capacidade para manter a respetiva habitação adequadamente quente no ano de 2020.
No caso específico de Portugal, essa percentagem foi de 17,5% da população, o que corresponde (de grosso modo) a cerca de “dois milhões de pessoas que se encontram atualmente em pobreza energética“, uma das alegações difundidas no post em causa do PAN. Ou mais exatamente, cerca de 1,8 milhões de pessoas.
Importa ter em conta as acentuadas variações entre diferentes países da União Europeia neste indicador. Enquanto países como a Áustria e a Finlândia apresentam percentagens inferiores a 2%, no topo do ranking sobressaem a Bulgária com 27,5%, a Lituânia com 23,1%, o Chipre com 20,9% e Portugal com 17,5%.
Ou seja, Portugal é o quarto país (e não o quinto, como se destaca erradamente no post do PAN) da União Europeia onde as pessoas têm menos condições económicas para manter as casas aquecidas, isto com base nos dados do Eurostat referentes a 2020.
Em 2019 verificou-se o mesmo alinhamento no topo da tabela: Bulgária, Lituânia, Chipre e Portugal. Só em 2018 é que Portugal estava, de facto, na quinta posição, superado então pela Bulgária, Lituânia, Grécia e Chipre.
Chegamos assim à conclusão de que o PAN recorreu a dados estatísticos que já estão desatualizados. Mais, abrangem somente o aquecimento das casas, não o arrefecimento. Daí o incontornável carimbo de “Falso“.
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Avaliação do Polígrafo:
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