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| - “8 de março é uma data de grande significado e atualidade e por isso tantas vezes é deturpada ou desvirtuada. Hoje assinala-se a soma de muitos anos de batalhas, em Portugal e em todo o mundo, por uma igualdade plena, assente numa sociedade de progresso e justiça social. Essa luta não pode nunca parar, porque são demasiadas as evidências de que ela é precisa”, defendeu Alma Rivera, deputada do PCP, no debate temático de ontem na Assembleia da República sobre violência doméstica, no “Dia Internacional das Mulheres”.
“Basta dizer que as mulheres trabalhadoras auferem salários 16% mais baixos do que os homens, uma diferença que em 2021 significou 153 euros. Nos quadros superiores a diferença é de 25%. São as mulheres deste país a maioria daqueles que recebe o salário mínimo nacional. Um salário mínimo que não dá para viver, como sabem bem as trabalhadoras dos cuidados de saúde ou da limpeza”, exemplificou.
É verdade que “as mulheres auferem salários 16% mais baixos do que os homens” e “nos quadros superiores a diferença é de 25%”?
Sim. Os dados evocados por Rivera estão patentes num recente estudo da CGTP sobre a “Evolução da situação da mulher no trabalho” (pode consultar aqui), divulgado no dia 1 de março.
“A situação das mulheres trabalhadoras em Portugal está a deteriorar-se“, alerta-se no documento. “O desemprego está a aumentar, o emprego é cada vez mais precário e mal pago. No 4.º trimestre de 2022 havia 183 mil trabalhadoras desempregadas e mais 176 mil desencorajadas e subempregadas, o que perfaz um total de 359 mil mulheres. As mulheres são mais de metade de desempregados (53% do total), tendo o seu número aumentado 15 milhares em termos homólogos”.
“A taxa de desemprego entre as mulheres também aumentou, de 6,5% no 4.º trimestre de 2021 para 7% no 4.º trimestre de 2022 para o conjunto das idades, sendo mais elevada do que entre os homens trabalhadores (6,1%). Mas entre as jovens trabalhadoras com menos de 25 anos chega aos 20,5%, sendo ainda mais alta que entre os jovens trabalhadores do sexo masculino (19,4%). As mulheres são a maioria dos trabalhadores subempregados (65%) e o seu número também subiu no último ano, sendo também mais atingidas pelo desemprego de longa duração: 44,6% estão desempregadas há um ano ou mais face a 38,9% entre os homens”, informa-se.
No que respeita aos salários, “ocorreram perdas significativas do poder de compra em 2022. O salário médio do conjunto da economia caiu 4,5% em termos reais face ao ano de 2021, sendo a queda dos trabalhadores da Administração Pública ainda maior que a do setor privado (-5,7% face a -3,6%)”.
“As mulheres trabalhadoras são ainda mais mal pagas que os homens trabalhadores, tendo salários base 13% mais baixos, numa diferença que em 2021 atingiu os 153 euros, em média, mas que entre os quadros superiores rondou os 600 euros. É precisamente entre os trabalhadores mais qualificados que o diferencial é maior em ternos percentuais: 24,5% entre os quadros superiores, 14% entre os quadros médios e 16,5% entre os profissionais altamente qualificados face a 6,8% entre os trabalhadores não qualificados (devido à existência do salário mínimo nacional, onde as mulheres trabalhadoras são 52%)”, detalha-se no estudo.
Ou seja, Rivera não foi totalmente rigorosa nas percentagens indicadas, mas ficou muito próxima da realidade.
“Perto de 30% das mulheres trabalhadoras do setor privado aufere apenas o salário mínimo nacional, face a 23% dos homens trabalhadores”, acrescenta-se. “As trabalhadoras que recebem acima do salário mínimo também têm salários muito baixos: 58% aufere no máximo 800 euros de salário base mensal bruto e até 1.000 euros são 72%, percentagens ainda mais elevadas do que entre os homens trabalhadores”.
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Avaliação do Polígrafo:
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