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| - “A vacina não foi suspensa, o processo de vacinação foi posto em pausa e, nesta diferente designação, há uma diferença de conteúdo: aquilo que o nosso país como outros optaram por fazer foi durante alguns dias pôr em pausa o processo de vacinação com uma determinada vacina – concretamente a da AstraZeneca – enquanto a Agência Europeia do Medicamento tinha pendente uma avaliação que nós sabíamos que decorria durante um prazo muito curto”.
Marta Temido respondeu assim, na passada 3ª feira, na conferência de imprensa após a reunião com especialistas sobre a situação epidemiológica, à pergunta se a suspensão da vacina da AstraZeneca não teria sido um erro, uma vez que tinha prejudicado a credibilidade da vacina, entretanto revalidada.
Apesar da distinção semântica efetuada pela ministra da saúde – não acompanhada pelos dicionários, o online da Porto Editora, por exemplo, utiliza `suspensão de ação e movimento` logo como primeira expressão para definir `pausa` – , foi a comunicação do próprio Ministério da Saúde que utilizou e utiliza o verbo “suspender” ou o substantivo “suspensão”.
Tal aconteceu a 15 de março, dia em que foi decidida a suspensão da vacina da Astrazeneca, na comunicação oficial escrita e falada para esse efeito.
Então, o comunicado de imprensa conjunto da Direção-Geral da Saúde, INFARMED e task-force disponibilizado aos órgãos de comunicação social refere: “O processo de vacinação dos profissionais do setor da educação, dependente de vacinas da AstraZeneca e previsto para o fim-de-semana de 20 e 21 de março, fica suspenso temporariamente”. Dois parágrafos depois, pode ainda ler-se que “Caso esta situação que envolve a suspensão da vacina da AstraZeneca se prolongue, prevê-se que a fase 1 do Plano de Vacinação possa terminar na terceira semana de abril (…)”.
Ainda no mesmo evento para anunciar aquela decisão, agora numa alocução, Graça Freitas, diretora-geral de saúde, afirmou: “Mantenham a confiança nas instituições. Esta suspensão só está a ocorrer por um mecanismo de extrema segurança, de proteção”.
A informação transmitida pelos dois sites com informação oficial sobre a covid-19 – geridos por organismos tutelados pelo Ministério da Saúde – também utilizam “suspender” ou “suspensão”.
O sns.gov.pt publica no dia 15 de Março a notícia com o título “Uso da vacina AstraZeneca suspensa”. No primeiro parágrafo do texto, indica que “As autoridades de saúde portuguesas decidiram hoje suspender o uso da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 por motivos de `precaução` e `saúde pública`”.
A 22 de Março, 4 dias depois de a Agência Europeia do Medicamento ter revalidado o uso da AstraZeneca, o site covid19.min-saude.pt, no 3º parágrafo de um texto centrado na retoma daquela vacina em Portugal, lembra: “Em conferência de imprensa, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que a suspensão temporária da vacina, ao abrigo do princípio da precaução, foi uma decisão de saúde pública.”
É, portanto, verdadeiro que foi o próprio Ministério da Saúde que, pode diversas vezes, utilizou as expressões suspender ou suspensão para classificar a interrupção das vacinas da AstraZeneca para a Covid-19 ocorrida em Portugal durante alguns dias.
Avaliação do Polígrafo:
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