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  • Uma caveira mexe um caldeirão onde supostamente se prepara “a vacina”. É esta a imagem que acompanha um longo texto, publicado num grupo de Facebook, que coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas e os objetivos das farmacêuticas, que acusam de usar as pessoas vacinadas como “cobaias” e de as sujeitar a “consequências imprevisíveis”. Depois vem a comparação: no post, é comparada a investigação sobre a sida — “após 40 anos de pesquisa, não há vacina” –, sobre a influenza (gripe) — “após 76 anos, não há vacina”, e sobre o cancro — “após 100 anos, não há vacina”. Quanto à Covid-19, pelo contrário, alega o post, “depois de apenas seis meses” foi encontrada a vacina, apesar de o vírus ter aparecido “de repente“. Mas será verdade? Há vários pontos em que o post faz afirmações erradas ou imprecisas. Começando pela primeira: o texto compara as investigações sobre sida, influenza, cancro e Covid-19 como se fossem doenças semelhantes, com origens semelhantes. Mas não são. “É a mesma coisa que dizer que já se inventou a aspirina e não se inventou a imortalidade”, ironiza, em declarações ao Observador, Pedro Madureira, imunologista e investigador na Immunethep, que está a trabalhar para desenvolver uma vacina portuguesa contra a Covid-19 (à espera de apoio do Estado para avançar para os ensaios clínicos). “Estamos a comparar coisas diferentes. O cancro não é uma infeção”, começa por explicar. É verdade que existe uma vacina contra o HPV, o vírus do papiloma humano, que estudos indicam conseguir reduzir drasticamente os casos de cancro do colo do útero. E esse vírus é que pode degenerar na infeção, provocando o cancro; daí que a vacina seja eficaz a prevenir o vírus, mas não é uma vacina diretamente contra o cancro. Por outro lado, explica o imunologista, o caso da sida é bem mais complexo: se o vírus da gripe sofre grandes mutações, no caso da sida elas acontecem em número muito mais alto, o que é suficiente para que o sistema imunológico deixe de reconhecer o vírus, mesmo que tenha sido exposto a ele através de uma vacina. Madureira lembra que o vírus da gripe até era considerado um dos que tinham taxas de mutação mais altas, até se conhecer o da sida: “Quando se identificou e caracterizou o vírus da sida, ficou-se a saber que taxa de mutação dentro do indivíduo era superior à taxa de mutação mundial da gripe. A mutação é tão grande que isso dificulta imenso o desenvolvimento de vacinas“, uma vez que o vírus estão sempre a mudar. “No caso da sida, além da mutação, há outro problema. Normalmente, quando os nossos linfócitos, responsáveis por respostas muito específicos, são ativados, proliferam pelo corpo”. O problema é que, no caso da sida, “quando infeta os linfócitos, eles proliferam — e isso vai ser bom para o vírus”. Estes fatores resultam numa “dificuldade enorme” em encontrar uma vacina para a sida, sublinha Madureira. Mesmo assim, recorda, há medicamentos antirretrovirais, que, se tomados nas primeiras 24 horas após o contágio, “são mais de 95% eficazes”. Não é, de resto, verdade que não haja vacina contra a gripe. Como todos os anos, a campanha de vacinação já está em curso em Portugal. Segundo as informações fornecidas pelo SNS, esta vacina “diminui muito o risco de contrair a infeção” mas não dá proteção a longo prazo precisamente porque “o vírus muda constantemente. “Por isso, a vacina é diferente em cada ano”. Só este ano, em Portugal, há três vacinas da gripe disponíveis (Fluarix Tetra, Vaxigrip Tetra, e Influvac Tetra). Estando esclarecidos os pontos sobre as diferenças na investigação sobre sida, cancro e gripe, falta ainda o último ponto: a alegação de que a vacina da Covid-19, um vírus que apareceu “de repente”, foi encontrada em seis meses. O calendário não está correto: como recorda a Agence France Presse num fact check sobre o mesmo assunto, depois de ter sido feita a sequenciação genética do novo coronavírus, em janeiro de 2020, logo no mês de fevereiro começou a investigação para criar a vacina. Logo, até à aprovação da primeira vacina, a da Pfizer/BioNTech, passaram dez meses. E se é verdade que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, declarou em novembro de 2020 que “nunca na história a pesquisa de vacinas progrediu tão rapidamente”, essa rapidez tem explicação. Fact Check. Já tinham sido registadas 73 patentes da vacina contra a SARS-CoV-2 antes de 2008? “Neste caso é relativamente fácil, porque os coronavírus já são conhecidos há muito tempo“, lembra Pedro Madureira. Isto porque, como explicava este fact check, os coronavírus (família na qual se insere o vírus que provoca a Covid-19) já infetam humanos desde 1960. Em 2002, uma mutação causou pela primeira vez uma pneumonia atípica e o SARS começou a ser investigado. A investigação sobre coronavírus voltaria em força em 2013, com a pandemia do MERS (Middle East Respiratory Syndrome, ou Síndrome Respiratória do Médio Oriente), sobretudo limitada à Península Arábica e ao Médio Oriente, e também nessa altura houve patentes e tentativas de vacinas. Ou seja: a investigação já ia avançada, mas segundo Madureira “o investimento acabou quando se deixou de falar”, devido ao fim do impacto mediático, nesses dois períodos, e o financiamento para investigação foi-se esgotando. O investigador até ironiza: “Já podia haver vacina antes. Se pensarmos em todo este fluxo de conhecimento, até podemos dizer que demorámos muito…”. Conclusão A publicação que compara a investigação para desenvolver vacinas contra a sida, cancro, influenza (gripe) e Covid-19 contém várias afirmações imprecisas ou erradas. Nem as doenças e as suas origens são comparáveis, nem é verdade que não exista vacina contra a gripe. E quando se diz que o vírus que provoca a Covid-19 apareceu “de repente” e que a vacina foi encontrada em tempo recorde, falta referir que os coronavírus são conhecidos há décadas, pelo que o trabalho de base não é novo. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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