schema:text
| - “Alguém já pensou nisto?”, começa a publicação de 8 de junho, divulgada no Facebook. “Se todos os carros fossem elétricos e fossem apanhados num trânsito de três horas, as baterias [ficavam] sem bateria”.
À primeira questão é fácil responder: Publicações deste género têm sido partilhadas nas redes sociais desde 2019, inclusive em várias línguas. Já relativamente à alegação, o post continua: “Praticamente não existe aquecimento num veículo elétrico.” No caso de “ficar preso na estrada” durante toda a noite, segundo o autor da publicação, o carro ficaria sem bateria, sem aquecimento, sem limpa para-brisas, sem rádio e sem GPS, já que todos eles “esgotam as baterias”.
Por outro lado, quando as estradas fossem finalmente desbloqueadas, ninguém se ia conseguir mexer, já que “todos os carros estariam descarregados”. A solução, sugere o post, seria utilizar “drones para entregar baterias pesadas e alguém para retirar e instalar”. No verão, por sua vez, o problema persistiria: “Não há praticamente nenhum ar condicionado num veículo elétrico“, afirma-se, já que este acabaria com as suas pilhas rapidamente.
Ora, todas as afirmações divulgadas na publicação são maioritariamente falsas e/ou enganadoras. As baterias convencionais duram muito mais do que três h0ras e os veículos elétricos, se presos num engarrafamento e sem baterias, podem ser rebocados. Só não pode ser utilizada uma corda.
Em fevereiro deste ano, a organização automotiva alemã Allgemeine Deutsche Automobil-Club (ADAC) testou em condições reais quanto tempo é que as baterias de um Renault Zoe elétrico e de um Volkswagen e-Up aguentam em caso de engarrafamento, ou seja, em condições de baixa temperatura, com aquecimento, aquecimento de bancos e estacionamento com luzes acesas.
“Mesmo em condições invernosas, o carro poderia aguentar cerca de 17 horas com a bateria de 52 quilowatts-hora do Zoe e 15 horas com os 32,3 quilowatts-hora do e-Up. Com um carro elétrico preso num engarrafamento, o aquecimento pode funcionar durante várias horas em temperaturas confortáveis sem qualquer problema, mesmo em situações de frio extremo”.
O resultado foi claro: “Mesmo em condições invernosas, o carro poderia aguentar cerca de 17 horas com a bateria de 52 quilowatts-hora do Zoe e 15 horas com os 32,3 quilowatts-hora do e-Up. Com um carro elétrico preso num engarrafamento, o aquecimento pode funcionar durante várias horas em temperaturas confortáveis sem qualquer problema, mesmo em situações de frio extremo.”
É certo que, neste caso, o fator decisivo é o quão carregada está a bateria está no início do congestionamento, mas isso é comparável à quantidade de combustível num veículo não-elétrico, de acordo com o ADAC: “Claro que é mais fácil quando o tanque está completamente vazio: o recipiente de reposição ajuda nestes casos.” O carro elétrico, por sua vez, tem mesmo que ser rebocado.
Mas como se procede ao reboque de um carro elétrico?
De acordo com Thomas Reynartz, chefe da assistência em avarias do ADAC, em declarações ao “Süddeutsche Zeitung“, um dos maiores jornais diários sediado na Alemanha, “se um carro elétrico avariar, é possível enviar um camião de reboque que o transporta para uma estação de carregamento adequada para carregar as baterias”.
No seu portal online, o ADAC esclarece que os carros elétricos não devem ser rebocados com o comum cabo de reboque, mas sim carregados: “(…) Na maioria das vezes, a energia ainda é gerada no motor elétrico através de um eixo. Se a energia flui no e-motor sem os componentes eletrónicos ativados, podem ocorrer altas tensões de indução, que danificam os componentes eletrónicos de controlo”.
Já em 2019, o “Correctiv”, jornal alemão de investigação, noticiou que havia tentativas em curso com estações de carregamento móveis para carros elétricos, tendo um deles sido testado pelo serviço de assistência técnica da Áustria em 2019.
__________________________________________
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
|