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| - “Lembre-se dos cinco nomes dos insetos nesta imagem. Porque a partir de agora terá de ler os rótulos dos produtos alimentares que comprar! O meu conselho: se algum desses quatro nomes aparecer no rótulo, simplesmente boicote”, aconselha-se numa publicação no Facebook, datada de 10 de fevereiro.
Garante-se que os insetos contêm quitina, substância que, alegadamente, não pode ser processada pelo intestino humano. “A quitina é um polisacarídeo altamente palatável para cancro, parasitas, fungos e qualquer coisa que cause doenças. Não é comida de mamífero. Somente os pássaros podem processar alimentos de insetos em segurança. O sistema digestivo das aves é completamente diferente do nosso. Agora você sabe porque eles querem que comamos insetos”, lê-se no post.
O Polígrafo já tinha verificado uma publicação idêntica em que se defendia que os “insetos não são adaptados ao consumo humano”. Contactado pelo Polígrafo a propósito dessa verificação, Rui Jorge, nutricionista com trabalhos académicos desenvolvidos no âmbito do consumo de insetos, garantiu que a quitina, substância apontada na publicação como perigosa para os humanos, não é, à luz do fundamento científico, perigosa para o ser humano.
“É verdade que a quitina apresenta resistência à digestão no organismo humano, mas isso não significa que seja prejudicial à saúde, aliás, a famosa ‘fibra alimentar’ que hoje é quase do senso comum que faz bem à saúde, apresenta exatamente essa característica (resistir à digestão no organismo humano)”, assinalou.
O especialista em nutrição clínica informou ainda que os insetos estão disponíveis, atualmente, em vários formatos de consumo. “Podem ser consumidos inteiros ou como ingrediente de alimentos mais processados. Por exemplo, através de farinha, que poderá ser utilizada na confeção de bolachas e afins”, aponta.
Nair Cunha, engenheira especializada na produção animal, explicou também que os insetos comestíveis, são conhecidos como uma “mini espécie pecuária“. Ou seja, que para serem utilizados para a alimentação humana “necessitam das mesmas condições controladas (ambiente, alimentação e maneio produtivo), assim como qualquer outra espécie pecuária convencional”.
Segundo a especialista, existem várias formas de processamento dos insetos antes de serem utilizados na alimentação humana. “Como ingredientes (sob a forma de farinha) ou inteiros, a metodologia utilizada para o abate e processamento dos insetos pode variar consoante a sua finalidade”, indicou. Assim, o método mais comum de abate é a congelação, sendo muito comum proceder à desidratação dos animais “para se obter uma farinha uniforme que poder ser incorporada em qualquer tipo de formulação de alimentos e permite aumentar o valor nutricional de um produto alimentar”.
Relativamente aos riscos no consumo de insetos comestíveis, Nair Cunha garantiu que as espécies autorizadas para serem produzidas, utilizadas e comercializadas para a alimentação humana, foram sujeitas a uma avaliação rigorosa pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) para serem aprovadas como seguras e não causarem riscos para a saúde humana.
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Avaliação do Polígrafo:
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