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  • Frente fria prova que aquecimento global não existe? A chegada de uma onda de frio no país, que fez os termômetros atingirem a mínima de -8,8 ºC, em Bom Jardim da Serra (SC), levou muitos brasileiros a questionarem a existência do aquecimento global. O fenômeno seria um mito? Como explica Francisco Aquino, climatologista da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a frente fria que atingiu o Brasil é um evento comum nos invernos e o aquecimento global não determina seu fim. No entanto, o que é anormal e está relacionado com o fenômeno ambiental, segundo ele, é termos temperaturas altas durante o fim do outono e o inverno. "Junho foi mais quente do que o normal, tanto no Brasil como no mundo, com exceção do oeste da Rússia", aponta Aquino, que diz que o país registrou temperaturas de 1,5 ºC a 3 ºC acima do normal. A expectativa é que esse aumento também se repita neste mês. "E não são eventos como a La Niña ou o El Niño que influenciam essa anomalia, mas sim o aquecimento global, que é mais do que real." Por que parece que fez mais frio? A estranheza em relação a esta frente fria, de acordo com o especialista, deve-se principalmente às mudanças abruptas de temperaturas. Como a média de temperatura está mais alta do que seria o esperado para o período, temos impactos maiores quando chega uma massa de ar polar como a dos últimos dias. A cidade de São Paulo, por exemplo, registrou uma queda de 17°C em apenas 24 horas. Na segunda-feira (17), os termômetros no Aeroporto de Congonhas, zona sul, marcavam 25°C às 16 horas. No mesmo horário na terça-feira, o registro era de apenas 8°C. O fenômeno que atingiu o Brasil, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), é reflexo de uma "massa de ar polar" que veio da Argentina, do Chile e do Uruguai. "Não há nenhuma novidade em relação a esse fenômeno, até porque ele é bem comum ao nosso inverno. Algo que não quer dizer que não exista o aquecimento global", relatou o instituto. É importante lembrar que um recorde de frio em um dia no ano não diz muito sobre o clima. Já que as temperaturas globais não aumentam de forma linear e uniforme. São muitos fatores que interagem simultaneamente. Por exemplo, há o El Niño, um fenômeno climático que, nos últimos anos, causou frequentemente altas temperaturas. Além de causar inundações em certas partes do mundo e secas em outras, o El Niño acarreta também temperaturas recordes temporárias – como no ano de 1998. No entanto, vemos um progressivo aumento das temperaturas médias ao longo dos anos. "Para algumas pessoas, o aumento da temperatura da Terra em 0,5 ºC e 1 ºC nos últimos 20 a 30 anos pode não significar muita coisa, mas é justamente ele que causa os fenômenos extremos como tornados", cita Aquino. 2016 foi o ano mais quente da história Considerando a média global das temperaturas nas superfícies terrestre e oceânica durante todo o ano, a Noaa (agência americana responsável por monitorar atmosfera e oceanos) descobriu que os dados de "2016 foram os mais altos desde que início dos registros, em 1880". A média da temperatura da Terra ficou 0,94ºC acima da média do século 20. Desde o início dos anos 2000, o recorde de temperatura global anual foi quebrado cinco vezes (2005, 2010, 2014, 2015 e 2016), segundo a agência. A principal razão para o aumento das temperaturas é a queima de combustíveis fósseis, como petróleo e gás, que emite dióxido de carbono, metano e outros poluentes conhecidos como gases de efeito estufa na atmosfera e aquece o planeta. Os impactos crescentes da industrialização no equilíbrio natural da Terra se tornam cada vez mais evidentes nos registros. Em todo o planeta, o calor levou a um maior derretimento nos polos. No Ártico, a extensão média anual de gelo marinho foi de aproximadamente 10,2 milhões de quilômetros quadrados, a menor já registrada, segundo a Noaa. "Na Antártica, a extensão anual de gelo marinho de 2016 foi a segunda menor registrada, atrás de 1986, com 11,16 milhões de quilômetros quadrados", disse. ID: {{comments.info.id}} URL: {{comments.info.url}} Ocorreu um erro ao carregar os comentários. Por favor, tente novamente mais tarde. {{comments.total}} Comentário {{comments.total}} Comentários Seja o primeiro a comentar Essa discussão está encerrada Não é possivel enviar novos comentários. Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar. Só assinantes do UOL podem comentar Ainda não é assinante? Assine já. Se você já é assinante do UOL, faça seu login. O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.
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