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| - “Há aqui um elefante na sala. Estamos a viver um momento particular, com seis milhões de mortos no mundo e 19 mil em Portugal. E a marca do Iniciativa Liberal, para usar as palavras do doutor Cotrim de Figueiredo, foi votar contra quase todas as medidas sanitárias. E disse mesmo – espero estar a citá-lo bem, se estiver a citá-lo mal corrigirá – que se sentia num Estado policial…” Foram estas as palavras de Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, dirigindo-se a João Cotrim de Figueiredo, no debate de ontem à noite na SIC Notícias.
“Não me recordo nada disso”, confessou o líder do Iniciativa Liberal que, indubitavelmente, disse em junho de 2021 estar “prisioneiro da cerca sanitária” imposta pelo “Estado policial” na Área Metropolitana de Lisboa devido à pandemia de Covid-19.
“Mas recorda-se de ter votado contra quase todas as medidas”, interveio Martins, recebendo do adversário a confirmação: “Quase todos os estados de emergência, sim. À exceção do primeiro.”
A líder dos bloquistas não desistiu e disse mesmo que “o que é extraordinário é que o fez por considerar que os negócios não podiam parar. Morreram 19 mil pessoas em Portugal com uma pandemia que ainda continua cá. A pergunta que eu coloco é: Em que é que não termos as medidas teria poupado alguma das vidas que perdemos?”
“Esta é uma forma típica de debater do Bloco de Esquerda, que é deturpar a posição política do Iniciativa Liberal”, defendeu Cotrim de Figueiredo. “Não votámos contra nenhuma medida restritiva, votámos contra estados de emergência e até estranho que o Bloco de Esquerda não tenha votado também contra, porque impunham limitações à liberdade das pessoas. (…) E sempre defendemos, Catarina Martins, faça-se justiça, que com base em dados e com base em ciência, todas as medidas que se mostrassem eficazes deviam ser tomadas e nunca nos opusemos a nenhuma delas. Esta é a verdade dos factos“.
“Não me venha dizer, como vi um tweet do Bloco de Esquerda, que o Iniciativa Liberal teria morto pessoas se tivesse aplicado a sua política, porque discutir e usar mortes de pessoas, lamento, mas não é fazer política séria. Porque aí teríamos de ir buscar quantas pessoas morreram por não terem tido assistência com patologias não Covid-19″, continuou o líder do IL.
Cotrim de Figueiredo referia-se a um tweet polémico do partido de Martins, publicado no dia 28 de dezembro de 2021, em resposta a um outro do Iniciativa Liberal. A sequência tem início num manifesto do partido de Cotrim de Figueiredo, que lembra ao eleitorado que o voto foi crucial para que o partido pudesse, durante a pandemia, defender a “liberdade individual” e estar contra a “tentação autoritária da emergência permanente e sua destruição social“.
[twitter url=”https://twitter.com/LiberalPT/status/1473669494069358594″/]
Seis dias depois, os bloquistas escreveram:
“O Iniciativa Liberal votou contra medidas de emergência que salvaram milhares de vidas. Sabemos o que aconteceu nos países onde vingou o negacionismo e a prioridade do negócio sobre as vidas. A única liberdade que o Iniciativa Liberal defendeu foi a de circulação do vírus.”
[twitter url=”https://twitter.com/BlocoDeEsquerda/status/1475926837490552836″/]
O tweet não foi bem recebido por apoiantes liberais que questionaram mesmo os bloquistas se estes estariam a insinuar que “o Iniciativa Liberal quer matar pessoas”. “Gostava de ver esclarecido. É que uma coisa são os vossos bots, outra coisa é a conta oficial. Fica a pergunta”, lê-se na caixa de comentários ao tweet, sem qualquer resposta.
Em suma, o tweet é autêntico e dá a entender que os votos contra do Iniciativa Liberal aos “estados de emergência” decretados pelo Governo não ajudaram a “salvar” as “milhares de vidas” enunciadas pelo Bloco de Esquerda. Ainda assim, a interpretação de Cotrim de Figueiredo não é totalmente fiel ao conteúdo do tweet, que apenas alerta para o perigo de países onde “vingou o negacionismo e a prioridade do negócio sobre as vidas”.
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Avaliação do Polígrafo:
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