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  • No passado dia 8 de Dezembro uma publicação na página de Facebook designada “Portugal é de Todos” foi divulgado um meme em que pode ler-se o que se segue: “Ministra da Saúde: “Temos de ter a consciência que 42000 enfermeiros custam 17 milhões ano. Eu: e 230 deputados custam 105 milhões.” A publicação tornou-se rapidamente viral, suscitando numerosos pedidos ao Polígrafo, via Facebook e WhatsApp, de fact-checking à informação em causa. Entre os argumentos citados pelos leitores estão o facto de esta ser “objetivamente falsa” e de ter fins “populistas”: colocar a população contra a classe política, apresentada como privilegiada face à corporação dos enfermeiros, que organizam greves há vários meses, reclamando por melhores condições de trabalho. De facto, assim aconteceu. Até à manhã desta terça-feira, o post tinha 5,9 mil partilhas e 113 comentários, numa página anónima com 328.898 seguidores e uma inspiração ideológica aparentemente próxima da extrema-direita, como o comprovam várias publicações de imagens e frases da autoria de António de Oliveira Salazar. Verificados os dados, é possível concluir que estão manipulados. Ao contrário do que é afirmado no meme distribuído, os 42 mil enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde não custam 17 milhões/ano ao Estado Português – custam, de acordo com a tabela remuneratória única da Direcção Geral da Administração e do Emprego Público, cerca de 700 milhões brutos. Isto porque a esmagadora maioria dos profissionais encontra-se no nível 15 da tabela mencionada, a que corresponde uma remuneração mensal bruta de 1201,42€. Se multiplicarmos este valor por 42.000 e este por 14 chegamos à quantia final de cerca de 700 milhões/ano. Os 17 milhões/ano a que se refere o meme (sem especificar, a que respeitam, como é prática corrente neste tipo de páginas anónimas) dizem respeito a uma declaração recente da ministra da Saúde, Marta Temido sobre o valor anual que o Estado está disponível para “investir” num suplemento remuneratório para os enfermeiros especialistas – valor esse que a classe se recusa a aceitar. Por outro lado, também o valor respeitante ao custo que os deputados da Assembleia da República representam para a nação está adulterado. Na verdade, o Parlamento representa um custo de 111,3 milhões de euros, como se pode constatar através da seguinte tabela constante do Orçamento do Estado para 2019: Em resumo, trata-se de uma publicação genericamente falsa e manipulatória, como denunciaram muitos leitores da página – embora a esmagadora maioria a tenha encarado como integralmente verdadeira, manifestando a sua indignação e partilhando-a com os respetivos amigos. Avaliação do Polígrafo:
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