schema:text
| - Datado de 11 de março, o tweet em causa partilha uma notícia do jornal “Eco” com o seguinte título: “Líder da Sonae queixa-se de ‘campanha de desinformação’ sobre preços dos alimentos.” É uma notícia verdadeira, do dia anterior, na qual se informa que “em resposta às acusações do Governo, Cláudia Azevedo fala em ‘danos gravosos para a reputação do setor da distribuição alimentar’ e garante que ‘os culpados da inflação não são os supermercados‘”.
É esse o mote para o comentário do tweet, em tom crítico e irónico:
“A remuneração anual dos CEOs da Jerónimo Martins e da Sonae totaliza qualquer coisa como 12.375.000 euros e 1.607.600 euros, respetivamente. Ambas as empresas lucraram, em conjunto, 629 milhões de euros em 2022, mais 30% face ao ano anterior. A líder da Sonae queixa-se de uma campanha de desinformação, coitada.”
Deixando de parte a componente opinativa, subjetiva, focamo-nos nos números indicados… Têm fundamento?
Começando pelo presidente do Conselho de Administração e Administrador-Delegado do Grupo Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos, de acordo com o último “Relatório de Governo da Sociedade“, referente a 2021, nesse ano obteve 910.000 euros de “remuneração fixa”, mais 1.550.000 euros de “remuneração variável”, mais 615.000 euros de “contribuições ordinárias para Plano de Pensões”.
O que perfaz uma “remuneração total incluindo contribuições ordinárias para Plano de Pensões” no valor de 3.075.000 euros.
Acresce uma “contribuição extraordinária para Plano de Pensões” – que foi “atribuída em 2021 por decisão da Comissão de Vencimentos para correção de desvio identificado” – que corresponde a 9.300.000 euros.
Tudo somado, a “remuneração total incluindo contribuições ordinárias e contribuição extraordinária para Plano de Pensões” de Pedro Soares dos Santos, em 2021, ascende a 12.375.000 euros.
Por sua vez, Cláudia Azevedo, presidente da Comissão Executiva da Sonae, de acordo com o último “Relatório do Governo da Sociedade”, referente a 2021, nesse ano obteve 505.600 euros de remuneração fixa, mais 551.000 euros de Prémio Variável de Curto Prazo (PVCP), mais outros 551.000 euros de Prémio Variável de Médio Prazo (PVMP).
Remuneração total: 1.607.600 euros.
Quanto aos lucros das duas empresas, à data do tweet, estavam disponíveis apenas os resultados dos primeiros nove meses de 2022. De acordo com os dados enviados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Grupo Jerónimo Martins obteve um resultado líquido de 419 milhões de euros nesse período. Entretanto, no dia 22 de março, foram divulgados os resultados do ano completo.
Face a 2021, o grupo dono do Pingo Doce aumentou os seus lucros em 27,5% para 590 milhões de euros em 2022 e as vendas progrediram mais de 21%.
Por seu lado, a Sonae já apresentou as contas referentes à totalidade do ano de 2022, indicando um resultado líquido de 342 milhões de euros.
Somados os valores disponíveis à data do tweet: 761 milhões de euros. Superior ao indicado no tweet e, no que respeita ao Grupo Jerónimo Martins, ainda faltava apurar o resultado dos últimos três meses de 2022. Se tivermos em conta o dados mais recentes (que já incluem todo o ano de 2022 do Grupo Jerónimo Martins), então a soma é de 932 milhões de euros.
Apesar desta imprecisão no que concerne aos lucros das duas empresas, os valores referentes às remunerações dos dois presidentes executivos estão corretos. Mas há que ter em atenção que a maior parte do valor recebido por Soares dos Santos corresponde a uma “contribuição extraordinária para Plano de Pensões”, não a uma remuneração fixa ou variável.
_______________________________
Avaliação do Polígrafo:
|