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  • “Quem é o mentiroso?”, questiona o autor de um tweet publicado a 15 de junho. Na imagem partilhada surge António Costa e uma suposta citação do primeiro-ministro: “Nada faltou nos Serviços de Saúde, nem é previsível que venha a faltar.” A citação é autêntica? E a afirmação foi feita em que contexto? “Até agora não faltou nada e não é previsível que venha a faltar o que quer que seja. Houve um reforço de número de 1.000 médicos e 1.800 enfermeiros. Temos 1.142 ventiladores e a margem é ainda muito significativa. E estamos a adquirir: pagámos ontem 10 milhões de dólares por 500 ventiladores da China”. Estas foram as palavras do primeiro-ministro, António Costa, em entrevista à TVI a 23 de março de 2020. Na altura, o Polígrafo fez uma análise às declarações de António Costa, que careciam de sustentação factual dada a capacidade estrutural de unidades de cuidados intensivos, ventiladores ou até de pessoal e camas de hospital por 100 mil habitantes. Ainda assim, esta frase está a ser agora partilhada num contexto absolutamente distinto. Com cada vez mais serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a serem encerrados por falta de médicos, o primeiro-ministro, de visita ao Reino Unido para estar com Boris Johnson, limitou-se a garantir, na passada segunda-feira, que o “Governo está a trabalhar”: “Fora de Portugal não falo sobre problemas nacionais, mesmo quando são graves. Hoje, estão a decorrer várias reuniões de trabalho no Ministério da Saúde para responder a esses problemas. O Governo está a trabalhar.” Na quarta-feira, já em Portugal, António Costa reconheceu que o SNS vive uma “situação grave” no que diz respeito ao encerramento das urgências de obstetrícia em vários pontos do país. Defendeu ainda que esta situação se deve a uma “conjugação de problemas”, como a Covid-19, que “afetou vários médicos”, e a “acumulação de feriados”. Já no debate parlamentar de sexta-feira sobre a situação de crise nas urgências hospitalares, a ministra da Saúde, Marta Temido, assegurou que “o Ministério da Saúde está, como sempre esteve, disponível para responder às perguntas”, mas que não estava disposta a “explorar os óbitos, o sofrimento de bebés, de mães e famílias”. Isto a propósito do caso de uma grávida que terá perdido o bebé por falta de obstetras no hospital das Caldas da Rainha. Marta Temido reconheceu a existência de “problemas estruturais” no SNS, mas queda do Governo e situação pandémica impossibilitaram a “execução” do novo estatuto do SNS. Estas consequências, defende a ministra, são “fruto de circunstâncias a que todos somos alheios” ou ainda “fruto de circunstâncias que alguns provocaram”. Agora, Temido lembra que é preciso implementar “soluções pontuais e de contingência” para os problemas imediatos, um discurso que desagradou algumas bancadas parlamentares, como a do Chega, que acusou a ministra de “desrespeito” ao Parlamento.
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