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| - “O que leva o Partido Comunista a não dar a conhecer, até agora, a sua opinião sobre o eminente [Sic] ataque da Rússia à Ucrânia? É por esta e por outras que o comunismo em Portugal vai definhando a olhos vistos.”
Esta publicação no Facebook, partilhada dia 22 de fevereiro, referia que o PCP ainda não tinha tomado qualquer posição pública sobre o conflito (ainda não militar) entre ucranianos e russos. Porém, neste mês – e até à hora em que este post foi publicado – o PCP já se tinha pronunciado em duas ocasiões sobre a crise Ucrânia/Rússia, através de notas emitidas pelo seu Gabinete de Imprensa.
Num primeiro momento, a 15 de fevereiro, sobre o contexto que permitia prever algum tipo de intervenção militar – temendo-se a invasão do território ucraniano pelas tropas russas – os comunistas intitularam o seu comunicado através de um repto: “Fim à escalada de confrontação dos EUA e da NATO contra a Rússia – defender a paz, promover o desarmamento”.
Nesta nota, o PCP optou por alertar para o perigo que corria a população ucraniana que prefere a afinidade com os russos à aproximação ao ocidente: “Tendo presente os acontecimentos ocorridos desde 2014, o PCP alerta para o perigo de acções de provocação, incentivadas pelo apoio dos EUA e da NATO, contra as populações russófonas no Donbass e os seus direitos e aspirações”.
Uma semana mais tarde, precisamente no dia 22 de fevereiro, no dia seguinte ao presidente russo ter anunciado o reconhecimento da independência das duas regiões separatistas na Ucrânia (Donetsk e Lugansk), os comunistas emitiram nova nota, motivada pelos “recentes desenvolvimentos no Leste da Europa”, na qual já não mencionaram as preocupações com a população de Donbass mas repetiram a crítica e atribuição de responsabilidades pelo conflito aos Estados Unidos e à NATO.
“A atual situação e seus desenvolvimentos recentes são inseparáveis de décadas de política de tensão e crescente confrontação dos EUA e da NATO contra a Federação Russa, nos planos militar, económico e político, em que avulta o contínuo alargamento da NATO e o sistemático avanço da instalação de meios e contingentes militares deste bloco político-militar cada vez mais próximo das fronteiras da Federação Russa”, lê-se na nota.
O PCP voltou ainda a associar a tensão crescente entre ucranianos e russos ao “golpe de Estado de 2014” e à “imposição de um regime xenófobo e belicista” em Kiev. Sobre o reconhecimento da independência por Moscovo e as movimentações militares russas, os comunistas portugueses fizeram somente esta menção: “A decisão agora assumida pela Federação Russa não pode ser olhada à margem desta conjuntura e dos seus desenvolvimentos.”
Na mesma linha, estiveram as intervenções nas redes sociais de vários destacados militantes comunistas, como João Ferreira, João Oliveira, António Filipe ou Miguel Tiago.
“Quem quiser olhar a Ucrânia ignorando os efeitos do golpe de estado de 2014, a natureza do regime que tomou o poder e a estratégia de alargamento e de confrontação da NATO/EUA, pois que o faça. Mas só ignorância ou má fé justificam as acusações feitas a quem opta por não o fazer, escreveu João Ferreira no Twitter.
[twitter url=”https://twitter.com/joao_ferreira33/status/1496483017665269763″/]
“Fim à escalada de confrontação dos EUA e da NATO contra a Rússia – defender a paz, promover o desarmamento”, assinou João Oliveira na mesma rede social.
[twitter url=”https://twitter.com/pcp_pt/status/1493654033302704132″/]
Também António Filipe escreveu: “Biden decidiu que a Rússia tem de invadir a Ucrânia quer queira quer não queira. Se não invadir a bem terá de invadir a mal.”
[twitter url=”https://twitter.com/AntonioFilipe/status/1494849481203978243″/]
“Acho que a única forma de a malta perceber que a Ucrânia está dominada por nazis é a Rússia assinar com a Ucrânia um pacto de não agressão. Os mesmos que agora atacam a Rússia, continuariam a atacar, desta feita por assinarem pactos com fascistas”, pode ainda ler-se na conta no Twitter de Miguel Tiago.
[twitter url=”https://twitter.com/migueltiago/status/1495768410952773632″/]
É falso que o PCP não tenha expressado a sua posição sobre o conflito entre Ucrânia e Rússia. Fê-lo por duas vezes antes da publicação agora verificada: a primeira no dia 15 de fevereiro e a segunda, já após o reconhecimento da independência das regiões de Donetsk e Lugansk por Moscovo, no dia 22 de fevereiro.
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Nota editorial 1: este artigo foi escrito antes do ataque de forças militares da Rússia contra várias cidades ucranianas que se iniciou na madrugada de 24 de fevereiro.
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Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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