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| - “E com estas fotos documentamos mais uma ‘festa’ que se realiza no nosso país em honra de um santo, em nome da religião. Festa não é certamente para os cavalos obrigados a saltarem por cima das chamas. Crianças ensinadas a verem os animais como algo que está ali disponível para se usar e abusar, dessensibilizadas para o sofrimento dos outros. São estas as nossas tradições”. A denúncia da prática descrita foi feita na página de Instagram de uma organização de proteção de animais.
A acompanhar o texto foram publicadas várias imagens em que se observam cavalos a atravessar uma fogueira de grande dimensão. Na descrição do post indica-se que as imagens foram captadas nas festas de São João Baptista, em Monforte da Beira, Castelo Branco.
[instagram url=”https://www.instagram.com/p/CfoaVNPK7BF/”/]
Contactada pelo Polígrafo, fonte oficial da Câmara Municipal de Castelo Branco afirma que “naturalmente tem conhecimento da tradição praticada em Monforte da Beira, por ocasião das festas em honra de São João, dado que se trata de um evento que é do conhecimento público e que atrai muitos visitantes”. A mesma fonte nega que o executivo municipal esteja envolvido na organização do evento. “A organização está anualmente atribuída a um alferes, e tanto quanto é dado saber, a concretização da tradição é feita pelos populares de Monforte da Beira, de forma livre e voluntária, desde tempos ancestrais”.
“É uma festa quase profana, pois de religiosa apenas tem a presença da bandeira do santo. A bandeira ‘preside’ aos dois arraiais dos dias 23 e 24 de junho e é empunhada pelo alferes que participa em cavalgadas pelas ruas da povoação”, esclarece ainda o executivo municipal.
A autarquia enviou uma citação de um livro em que explica a tradição: “A bandeira de São João Baptista é transportada pela vila a cavalo (…) Entretanto, no percurso da volta, o material combustível para as fogueiras já está preparado e colocado no local próprio, isto é, a meio das ruas e em algumas esquinas. Mas o acendimento das fogueiras só é feito quando já se aproxima o cortejo, para que as chamas estejam no seu máximo na ocasião da passagem da cavalgada.”
O município de Castelo Branco garante ainda que “não tem formalmente conhecimento de queixas associadas a esta tradição” e diz que, no caso de vir a ter, “não parece que lhe caiba intervir, salvo se porventura fossem identificadas verdadeiras situações de sofrimento cruel e prolongado, infligido aos animais envolvidos”. Segundo esta fonte, “não foi registada qualquer participação, ou reportadas quaisquer evidências, de que, do evento e da prática das tradições que lhe estão associadas, tenha resultado a morte, lesões graves ou sofrimento cruel e prolongado de qualquer dos animais envolvidos”.
Igualmente contactada, a Guarda Nacional Republicana (GNR) informa ter tido conhecimento da situação apresentada através das redes sociais, mas assegura que as tradicionais festas de São João em Monforte da Beira foram “devidamente autorizadas e licenciadas” e que “não houve registo de denúncias sobre os acontecimentos apresentados na publicação”. Apesar disso, a força policial diz que “foram encetadas diligências de pesquisa no sentido de aferir as circunstâncias e o correto enquadramento da mesma”.
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