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| - A denúncia foi feita nas redes sociais e rapidamente tornou-se arma de ataque político: “Há dias, veio a terreiro o ilustre presidente da Câmara Municipal de Cascais, senhor Carlos Carreiras, afirmar com absoluta determinação que tudo fará para impor um cordão sanitário ao partido Chega em Cascais… Como eu o entendo, é que se algum dia chegar o Chega, acabar-se-ão as pipocas… O senhor Carlos, e os seus amigos, não querem uma coisa dessas, não é verdade?”.
O breve texto, publicado na página do Chega – Sintra no Facebook, é acompanhado por um recorte do portal Base, no qual é visível que a autarquia de Cascais, liderada por Carlos Carreiras, do PSD, assinou um contrato, no dia 29 de dezembro de 2020, para a “aquisição de pacotes de pipocas“.
Nesta publicação não se indica o valor, mas em várias outras que se multiplicam no Twitter e no Facebook alega-se que foram gastos 9.900 euros, num negócio feito por ajuste direto.
Confirma-se que a Câmara de Cascais gastou cerca de 10 mil euros na aquisição de pacotes de pipocas?
Sim. Consultando o portal Base verifica-se que a alegação é verdadeira. De facto, no dia 29 de dezembro de 2020, o Município de Cascais firmou um contrato por ajuste direto com a empresa Pique-Poque – Pipocas e Alimentos Divertidos, no valor de 9.900 euros, visando a “aquisição de pacotes de pipocas”.
Em nota enviada à nossa redação, o gabinete de Carlos Carreiras explica que a compra está relacionada com uma atividade que substituiu o evento “Vila Natal 2020”, cancelado por força da pandemia: “Como alternativa, a autarquia optou por levar o Natal à porta de todos os cascalenses com o ‘Comboio de Natal’, um cortejo de carros natalícios que durante mês e meio percorreu, todos os dias, duas vezes por dia, milhares de ruas de todo o concelho, levando alegria e espírito natalício num ano particularmente difícil, e distribuindo pipocas às milhares de crianças que interagiram com o cortejo“.
Apesar de este ser o primeiro contrato assinado entre a Pique-Poque e a Câmara de Cascais, aliás o único com toda a administração pública de acordo com os dados inscritos no portal Base, esta não foi a primeira vez que a empresa distribuiu pipocas no concelho. Duas semanas antes da celebração do negócio, no dia 15 de dezembro de 2020, a página da Pique-Poque no Instagram anunciou ter distribuído “centenas de sacos de pipocas aos jovens voluntários da Câmara Municipal de Cascais que, durante os meses de Verão, com chuva ou com calor, prestaram serviço comunitário nas praias, nos parques, nas estações de comboio e paragens de autocarro”. Contudo, a empresa refere que, naquela ocasião, os doces foram oferecidos.
Ainda assim, a assessoria de Carlos Carreiras desvaloriza a polémica. “as escolhas políticas em Cascais não são binárias. Não é pipocas para as crianças ou apoios aos desfavorecidos”, sublinha-se na nota remetida ao Polígrafo, realçando ainda que o Município de Cascais “investiu milhões de euros no combate à pandemia e, sobretudo, no apoio à população“.
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Avaliação do Polígrafo:
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