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| - Publicação falsa diz que exercício com a língua ajuda a prevenir Alzheimer
É falso que fazer exercícios com a língua ajuda na prevenção do mal de Alzheimer —doença progressiva que destrói a memória e outras funções mentais importantes. O UOL Confere entrou em contato com especialistas em neurologia e com a ABN (Academia Brasileira de Neurologia), que negaram qualquer respaldo científico da publicação, que circula por aplicativos de mensagens e pelas redes sociais.
Na postagem enganosa também é dito que a recomendação foi feita pelo virologista do hospital Albert Einstein, Dr. Roberto Klaus. Klaus não é virologista nem médico desse hospital.
O que diz a mensagem falsa? "'SAÚDE' Dr. Roberto Klaus, virologista. Médico do Albert Einstein de São Paulo. Depois dos 60 anos, pode-se experimentar muitos tipos de doenças. - Mas, o que mais me preocupa é a doença de Alzheimer. - Não apenas porque eu não poderia cuidar de mim mesmo, mas, porque isso causaria muitos inconvenientes para os membros da minha família? - Um amigo médico, ensinou a outro amigo, um exercício com a língua que é eficaz para reduzir o aparecimento da doença de Alzheimer".
O texto viral segue dando o passo a passo do exercício, exemplos de outras situações que esse movimento é útil e termina pedindo compartilhamento.
Médico da ABN diz que a única forma de controlar desenvolvimento da doença é se manter ativo
"A recomendação não procede. Somente se mantendo ativo você pode diminuir a possibilidade de vir a desenvolver doença de Alzheimer", diz Dr. Adalberto Studart Neto, Neurologista do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas da FMUSP e Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia.
As atividades que podem ajudar nesse controle são:
- Atividade física regular, em especial aeróbica;
- Manter-se ativo cognitivamente. Procurar estudar, aprender;
- Ter um bom convívio social;
- Escolaridade;
- Prevenir ou controlar fatores de risco cerebrovascular (diabetes melittus, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doenças cardíacas);
- Tratar distúrbios auditivos.
Dr. Klaus não é virologista e não trabalha no Einstein
Neto também fala que o Dr. Klaus não é o que afirma o texto viral. "Esse médico é um falso virologista e não faz parte da ABN", reforça.
O hospital Albert Einstein também esclareceu ao UOL Confere que o suposto virologista não faz parte de seu corpo clínico.
O nome também não aparece na busca por médicos do CFM (Conselho Federal de Medicina).
Médicos reforçam que exercício com a língua não tem respaldo científico
"A recomendação não procede", afirma o Dr. Leonel Takada, médico da USP especialista em demências. Segundo ele, "procurando no Pubmed (banco de dados de publicações científicas) não encontrei nenhuma que trate de língua e Alzheimer. Portanto, não há respaldo científico".
Sobre a doença de Alzheimer
Takada também informa que a doença de Alzheimer afeta inicialmente a memória para fatos recentes: "por isso as pessoas ficam repetitivas, esquecem-se de compromissos, e até se já se alimentaram", diz.
"Com a progressão da doença no cérebro, a pessoa com Alzheimer desenvolve outras dificuldades, como resolver problemas, fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo, e pode ter dificuldade para se localizar no espaço e chegar a outros locais", explica.
Segundo ele, com mais tempo do desenvolvimento da doença, "a pessoa com Alzheimer passa a ter dificuldade para se expressar e pode ter dificuldades motoras (como por exemplo, para andar)".
Não há tratamento. "Infelizmente não há tratamento curativo nem tratamento que impeça a progressão da doença, apenas medicações que atrasam a progressão dos sintomas", conclui Dr. Leonel Takada.
A informação também foi checada por Fato ou Fake.
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