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| - O chamariz nas redes sociais é um título enigmático em forma de sugestão: “Os bancos não querem que aproveite“. Na respetiva imagem aparece um rosto feminino por detrás do que aparenta ser uma fatura de pagamento com uma quantia avultada em destaque.
Ao clicar no título somos levados até uma página com uma “notícia” sobre a história de uma jovem portuguesa que se tornou milionária. “Uma antiga aluna universitária de 26 anos tem uma joalheira e ganha 640 mil euros por dia“, sublinha-se no título da suposta “notícia”, publicada numa página de origem desconhecida e com um endereço suspeito.
“Júlia Barbosa, de 26 anos, outrora assistente de loja, que deixou a faculdade, é agora uma das milionárias mais jovens no mundo que fez 19.286,050 euros no último mês. Júlia contou-nos a sua história de sucesso e os passos exatos que deu para alcançar o sucesso financeiro”, descreve-se no primeiro parágrafo.
Ao longo do texto, a jovem milionária diz ter enfrentado dificuldades económicas no seu percurso de vida, contando depois como encontrou uma solução: “Um dia enquanto navegava pelas redes sociais encontrei por acaso uma publicação no Facebook que falava sobre contrato por diferença (CFDs). Era um tutorial de vídeo sobre ganhar dinheiro online. Funcionou desde o primeiro dia. Três meses mais tarde, tinha dinheiro suficiente para comprar um Mercedes CLS 63 AMG e abrir a minha joalheria artesanal online“.
De acordo com um artigo da página “Ekonomista”, o contrato por diferença – “contract for diference” – “é um produto financeiro complexo que permite investir em diversos ativos recorrendo a financiamento. Ao comprar estes produtos está a entrar numa relação contratual com o vendedor que se compromete a pagar-lhe a diferença entre o preço de um ativo hoje e o preço na data de fecho da posição. Se a diferença for positiva o comprador ganha dinheiro, mas se a diferença for negativa este irá perder dinheiro“.
Voltando à publicação em análise, a narrativa prossegue com outros relatos de utilizadores que também terão enriquecido através deste método. Por fim, incentiva os leitores a inscreverem-se na plataforma rapidamente, sob pena de ficarem sem vaga. E sublinha: “Não ouvirá falar disto nos principais meios de comunicação, porque é um dos segredos mais bem guardados de Wall Street. Eles não querem que os cidadãos normais adquiram assim tanta riqueza”.
Mas será esta história verdadeira? Não. O Polígrafo analisou as imagens apresentadas ao longo da publicação e verificou que a pessoa em causa não é uma jovem portuguesa chamada Júlia Barbosa, mas sim Tanya Rybakova, uma “influenciadora” de nacionalidade russa que se tornou famosa por ter perdido quase metade do seu peso.
Quanto às várias imagens de pessoas que mostram cheques com as quantias avultadas que terão ganho através deste método de investimento em CFD, na parte final do artigo, também são falsas. Essas imagens foram retiradas a partir da página do “Lucktastic“, uma espécie de jogo de raspadinhas para telemóveis.
No final do artigo ainda podemos ver um aparente espaço para comentários do Facebook com diversos testemunhos. Contudo, o plugin que deveria estar associado aos comentários não existe, sendo que não é possível clicar no perfil dessas pessoas. Esses depoimentos também são falsos.
Os referidos CFD existem mesmo, entre muitos outros métodos de transações financeiras na Internet. Mas esta publicação é claramente falsa e fraudulenta, inventando uma história em torno de uma jovem portuguesa que se tornou instantaneamente milionária para iludir e enganar as pessoas.
Geralmente, o objetivo destes conteúdos fraudulentos consiste em obter dados pessoais ou convencer as pessoas a fazerem transferências monetárias por alegados serviços que depois não são prestados, ou investimentos que não são realizados.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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