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| - A mensagem é simples, com um toque de ironia ou sarcasmo, daí talvez a profusão de comentários e partilhas da mesma logo nas primeiras horas após a publicação no Facebook, a 12 de outubro. Motivou também pedidos ao Polígrafo de verificação de factos.
“TAP Air Portugal: 80 aviões, 79 administradores, 79 [automóveis] BMW. Conclusão: há um avião sem administrador”, destaca-se.
Tem fundamento?
No que respeita aos 79 automóveis de marca BMW, perante a controvérsia gerada, a companhia aérea entretanto recuou na aquisição e está em negociações para cancelar o respetivo contrato, o que poderá implicar uma compensação ao fornecedor.
A controvérsia resultou de uma notícia da CNN Portugal, a 4 de outubro, revelando então que “a TAP encomendou dezenas de BMW para as suas principais chefias, melhorando o perfil da sua atual frota automóvel, constituída sobretudo por Peugeot. Os novos veículos têm um valor de mercado a partir dos 52 e dos 65 mil euros, são plug-in híbridos e começarão a chegar no início do próximo ano”.
Quanto à frota de aviões, de acordo com o Relatório de Contas referente a 2021 da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, “em relação à frota, durante 2021, existiu uma redução líquida da frota operacional de dois aviões para 94, com o phase-out de dois Airbus A330ceo, três Airbus A320ce e três Airbus A319ceo, e o phase-in de dois A321neo LR e três A320neo, com a TAP a assegurar com sucesso o financiamento destes aviões”.
“No final de 2021, 66% da frota operacional de médio e longo curso era constituída por aeronaves NEO-family (comparado com 57% a 31 de dezembro de 2020 e 43% a 31 de dezembro de 2019). Os novos aviões que entraram na frota operacional da TAP reforçam a estratégia do Grupo no que respeita à utilização de aeronaves mais eficientes e, assim, de menor consumo de combustível, o que permite à TAP adaptar a sua operação de acordo com o ritmo de recuperação da procura”, salienta-se no documento.
“A TAP tem vindo a focar-se no modelo A321neo LR, cuja utilização é particularmente vantajosa num ambiente de baixa procura”, informa-se no relatório. “Este avião caracteriza-se por ser um narrow-body com capacidade de realizar voos de longo curso, permitindo um menor custo por voo quando o Load Factor de passageiros é menor, aproveitando a localização única e privilegiada de Lisboa para realizar voos transatlânticos para a costa leste dos EUA e Canadá, bem como para o nordeste do Brasil e para África. A utilização da frota regional da TAP também desempenhou um papel estratégico, nomeadamente durante períodos de maior restrição fronteiriça e ciclos de menor procura. Adicionalmente, a conversão de dois A330ceo em cargo-only tem sido crucial para responder ao aumento da procura neste segmento, que teve um impacto significativo nos proveitos operacionais da TAP”.
“Antes da pandemia a TAP estava entre as companhias de aviação europeias com frotas mais novas na sequência do programa de renovação de frota que começou depois da privatização de novembro de 2015. Não obstante, o impacto da pandemia de Covid-19 acelerou o processo de phase-out dos aviões menos eficientes em toda a Indústria e a TAP não é exceção. Nas entregas de novas aeronaves, e de acordo com o acordo alcançado com a Airbus em 2020, a TAP foi capaz de ajustar o seu calendário de entregas em relação às famílias A320neo e A330neo, tendo atrasado um número muito significativo de aeronaves”, sublinha-se.
Ora, com a aquisição de dois novos Airbus A321neo LR em 2021, no final desse ano a TAP contava com um total de oito aeronaves desse modelo, num total de 94 aeronaves que compunham a sua frota.
Entretanto, em julho de 2022 foi noticiado que a Dunas Capital, gestora de ativos espanhola, firmou um acordo com a TAP para o empréstimo de duas aeronaves Airbus A321neo LR, o que terá feito subir o número de aeronaves desse modelo para 10 na frota da TAP.
Mais recentemente, a 25 de agosto de 2022, em entrevista ao jornal “Eco”, a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, apontou para o crescimento da frota limitado a um total de 99 aeronaves, conforme está determinado no Plano de Reestruturação validado pela Comissão Europeia, como um elemento a ter em conta na estratégia da companhia aérea portuguesa para os próximos anos.
O Plano de Reestruturação “prevê 99 aviões só no último ano” de vigência (no final de 2025), afirmou Ourmières-Widener. “No próximo ano vamos ter saídas e entradas mas não vamos atingir o limite“.
Ou seja, a TAP dispõe atualmente de pelo menos 94 aeronaves (e não 80 como se indica erradamente na publicação) e deverá chegar a um total de 99 aeronaves até ao final de 2025.
Quanto ao número de administradores, a falsidade é mais evidente. O Conselho de Administração da TAP é atualmente composto por um total de nove elementos, a grande distância dos evocados “79 administradores”.
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Avaliação do Polígrafo:
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