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| - “O ponto mais baixo das autoridades na caça à multa”, lê-se no topo de uma imagem viral publicada no Facebook que já conta com quase três mil partilhas. A imagem voltou a circular nos últimos tempos, mas a fotografia foi originalmente publicada há quase 10 anos na página no Facebook do ACP. “Radar com carrinha caixa aberta? Vamos divulgar esta vergonha, contamos contigo para partilhares a imagem”, escreve-se no na publicação de 27 de setembro.
No centro está uma fotografia de um suposto radar instalado junto de uma carrinha de caixa aberta. Dentro da viatura consegue-se ver um vulto, mas não se percebe se se trata de algum agente. As matrículas da carrinha e do automóvel que está em movimento ao lado são imperceptíveis.
Ao Polígrafo, fonte oficial da Polícia de Segurança Pública (PSP) esclarece que “os meios visíveis na imagem apresentada, nomeadamente, o cinemómetro (vulgarmente conhecido como ‘radar’) e a viatura ligeira de mercadorias, não correspondem aos meios normalmente utilizados pela PSP na execução de operações de controlo de velocidade”, garante fonte oficial. “De sublinhar que não nos foi possível, sequer, verificar se a referida fotografia efetivamente corresponde a alguma operação de controlo de velocidade realizada em território nacional“, acrescenta.
“A PSP, no âmbito das suas atribuições, promove na sua atividade policial uma intervenção ativa na prevenção, na fiscalização, no ordenamento e na disciplina do trânsito, no sentido de garantir a segurança rodoviária de todos os cidadãos. Para tal, adaptamos a atividade operacional à evolução da sinistralidade rodoviária e às políticas de segurança rodoviárias em vigor, das quais se salienta o Plano Nacional de Fiscalização (PNF) que visa focalizar a fiscalização, de forma permanente e intensiva, nos comportamentos de risco, principalmente sobre condutas que têm elevada prevalência e maior impacto na sinistralidade rodoviária, e onde se inclui o excesso de velocidade. Estas atribuições são concretizadas em estrito respeito pelas normas legais em vigor mas privilegiando a intervenção precoce, a informação/sensibilização e a dissuasão”, explica a mesma fonte.
No entanto, vários leitores enviaram ao Polígrafo novas fotografias do mesmo veículo, localizando-o em Évora. Numa dessas fotografias vê-se um homem a operar o radar, vestido com o que parece ser a farda da PSP. O Polígrafo contactou o Comando Distrital da PSP de Évora que confirmou a utilização da carrinha.
De acordo com fonte oficial do Comando Distrital, afirmou que “a utilização do veículo em apreço resultou de uma solução pontual, por os demais veículos se encontrarem em utilização numa operação de Investigação Criminal”. No caso de uma das imagens, a fiscalização acontecia “no Caminho Municipal 1094 (Estrada do Bairro de Almeirim, em Évora, junto às bombas de combustível AUCHAN), um dos vários locais onde habitualmente a PSP efetua operações de controlo de velocidade, por se tratar de uma via estruturante”.
“Tratando-se de um cinemómetro (usualmente designado como radar) móvel, nos termos da legislação em vigor, não é passível de sinalização prévia (somente os radares fixos são anunciados previamente aos condutores). Mas no caso da operação em concreto, a mesma foi realizada no dia 1 de julho de 2020 e foi amplamente divulgada tal como muitas outras que são difundidas mensalmente, nas redes sociais”, explica.
A mesma fonte garante que “os equipamentos são sempre montados e operados por polícias fardados, de forma visível por qualquer cidadão”. “A PSP executa as operações de controlo da velocidade de forma sistemática e transparente, as quais são anunciadas previamente nas redes sociais, como meio de alerta para a extrema necessidade de controlo da velocidade excessiva, causa da maioria dos acidentes rodoviários com mortos e feridos graves”, conclui.
Conclui-se que a carrinha foi utilizada pela PSP, apesar de na primeira resposta o ter negado. Assim, a publicação é verdadeira.
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Nota editorial 1: Na sequência da publicação do conteúdo sob análise no Facebook, que não tinha qualquer indicação da localidade em que a carrinha de caixa aberta tinha sido fotografada, o Polígrafo contactou a Direção Nacional da PSP que, no dia 14 de outubro, afirmou que a carrinha e o radar “não correspondem aos meios normalmente utilizados pela PSP na execução de operações de controlo de velocidade”. Dadas essas respostas, o Polígrafo publicou originalmente a verificação de factos no dia 15 de outubro (sexta-feira) com a avaliação “Falso”. No entanto, na sequência da publicação, vários leitores enviaram ao Polígrafo outras imagens do mesmo veículo em operações de controlo de velocidade em Évora, identificando-o como sendo da PSP. O Polígrafo voltou a contactar a Direção Nacional da PSP, bem como o Comando Distrital de Évora de forma a apurar a verdade. A resposta veio apenas do Comando Distrital da PSP de Évora que, confrontado com as imagens, assumiu a utilização da carrinha de caixa aberta em operações de controlo de velocidade. Assim, o Polígrafo republica a verificação de factos com as novas declarações da PSP de Évora e com a correção da avaliação para “Verdadeiro”. Pedimos desculpa aos nossos leitores por, tal como o Polígrafo, terem sido enganados pelas primeiras declarações da PSP.
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Nota editorial 2: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Verdadeiro” ou “Maioritariamente Verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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