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  • A notícia começou a correr na terça-feira à noite: um problema com o sistema de oxigénio do Hospital Fernando Fonseca, que serve esses dois concelhos limítrofes de Lisboa, obrigava o hospital a transferir doentes para outras unidades de saúde. Os termos usados nas primeiras notícias divulgadas — “colapso” do sistema e um “esgotamento” do oxigénio disponível — levaram a reações equívocas nas redes sociais. Doentes transferidos, um hospital em “sobrecarga”. O que já se sabe sobre as falhas de oxigénio no Amadora-Sintra Numa das publicações, refere-se mesmo que, estando o Amadora-Sintra alegadamente “sem oxigénio” para os utentes, “todos os doentes [estavam] a ser transferidos para o Hospital Santa Maria”. Não é verdade que isso tenha acontecido — apenas uma parte dos doentes foi transferida. Mas essa formulação gerou, por sua vez, reações em cadeia: como é que os hospitais da região de Lisboa poderiam receber “todos os doentes” daquela unidade, se eles próprios se encontram num ponto próximo da saturação da sua capacidade? E como foi possível que o hospital deixasse a sua capacidade de oxigénio esgotar, sobretudo em plena pandemia. Também não faltaram comparações com uma situação semelhante em Manaus, no Brasil, conhecida recente e em que se esgotou, de facto, a capacidade de oxigénio na região. Vamos a factos. O sistema de oxigénio do Hospital Fernando Fonseca não colapsou, no sentido em que não deixou de funcionar. Também não se “esgotou” a capacidade de oxigénio disponível. Como o Observador explicou já na madrugada desta quarta-feira, o elevado número de doentes na enfermaria e nas urgências destinadas a doentes Covid-19 que precisavam de oxigenioterapia provocou flutuações na distribuição interna. “Não está em causa a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede, mas sim a dificuldade da estrutura existente em manter a pressão”, referiu o hospital, por volta das 22h30 — cerca de uma hora e meia depois de serem divulgadas as primeiras notícias que apontavam para um cenário mais grave. Essa “dificuldade” em garantir que todos os doentes recebiam assistência respiratória nas devidas condições levou a que se considerasse “aconselhável” transferir parte dos doentes para outras unidades hospitalares da região de Lisboa. De acordo com o enfermeiro-chefe do Amadora-Sintra, Rui Santos, que esta quarta-feira atualizou os números relativos a este episódio, terão sido transferidos um total de 43 doentes: 38 doentes Covid-19 e outros cinco doentes não-Covid. Esse universo ainda poderia crescer, uma vez que estava a ser ponderada a transferência de mais 32 doentes, mas nunca foi ponderada a transferência de todos os doentes do hospital. Os números que foram conhecidos devido ao momento de crise que se viveu naquele hospital permitem, de resto, perceber a razão pela qual o sistema de oxigénio do hospital entrou em sobrecarga. O plano de contingência do hospital prevê o internamento de 120 doentes Covid-19 em enfermaria. No momento em que o problema foi detetado, estavam internados 363 doentes Covid-1 no hospital — o triplo do previsto no plano de contingência —, 30 deles nos Cuidados Intensivos. O Amadora-Sintra é, assim, o hospital da região de Lisboa com mais doentes Covid-19 internados nos seus serviços. Conclusão O Hospital Amadora-Sintra deparou-se, de facto, com um problema no sistema de oxigénio. A sobrecarga, provocada por um elevado número de utentes ali internados que precisavam de respiração assistida, levou a que se decidisse transferir cerca de quatro dezenas de doentes para outros hospitais. Mas, à boleia da informação inicialmente divulgada e que referia um “colapso” do sistema, em que o oxigénio se tinha “esgotado”, alguns utilizadores tiraram conclusões precipitadas. Nem o oxigénio se “esgotou” nem houve uma transferência de “todos os doentes” para outras unidades hospitalares vizinhas do Amadora-Sintra. Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
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