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  • “O que a comunicação social não quer que se saiba sobre o coronavírus”. É este o título de um artigo publicado no dia 1 de março no site “Vi Logo Gostei”, que rapidamente se tornou viral nas redes sociais. Em poucas horas, a publicação já tinha sido vista por mais de 600 mil pessoas. Contudo, apesar de o artigo ter dados verdadeiros, o título é falso, porque todas as informações disponíveis sobre a pandemia têm sido amplamente divulgadas pela comunicação social. “Ao ocultarem dados relevantes sobre o vírus, a comunicação social consegue manter a população, em geral, ignorante no assunto. Desta maneira, as pessoas permanecem amedrontadas e em pânico. Este pânico gera buzz e este buzz torna o assunto rentável durante bastante tempo”, lê-se na publicação, que começa por dizer que, “das 85.726 pessoas infetadas com o vírus, 39.797 já recuperaram da doença”, segundo os dados de 29 de fevereiro. De acordo com o autor do texto, “a comunicação social, em geral, oculta à população dados importantes sobre o surto do coronavírus”, pelo que “é comum ver o número de mortos e raro ver o número de pessoas curadas”. Mas isso não é verdade. Basta fazer uma pesquisa online para perceber que este assunto é constantemente falado nos principais meios de comunicação social em Portugal. Vejamos alguns exemplos. “Mais de 48.500 dos 92.880 casos confirmados já recuperaram. Ainda que tenham morrido mais de 3 mil pessoas com coronavírus, os números de pessoas que já recuperaram são bem mais animadores”, noticiava o Observador no dia 4 de março. Uma informação que tem sido partilhada com muita frequência. “Coronavírus: 73 casos suspeitos em Portugal deram negativo, 12 estão em análise (e no mundo já foram curadas mais de 42.000 pessoas)”, escrevia o Expresso no dia 1 de março. No dia 26 de fevereiro, por exemplo, o Diário de Notícias dizia que “das pessoas infetadas, quase 30 mil já recuperaram”. Dois dias antes, o Público falava sobre o “registo de mais de 25 mil pessoas que terão recuperado completamente da infeção após um diagnóstico positivo”. E existem inúmeros outros artigos semelhantes. O texto baseia-se nos dados da plataforma de estatísticas Worldometers e em informações divulgadas por outras instituições, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). Relativamente aos dados do dia 29, por exemplo, há uma ligeira diferença entre o número de infetados que surge no texto (85.726) e o que foi divulgado no relatório diário da OMS (85.403). Mas há situações em que se refere aos dados da OMS. “No dia 25 de fevereiro existiam, segundo fontes oficiais, 79.300 pessoas infetadas em todo o mundo, e cerca de 77.000 na China, a maioria em Wuhan – cidade chinesa onde surgiu o vírus”, lê-se no texto, que usa os números divulgados no relatório da OMS do dia anterior. Mais à frente, o autor aborda a probabilidade de uma pessoa morrer por infeção com o novo coronavírus — (SARS-CoV-2) – nas diferentes idades, de acordo com dados que terão sido divulgados no dia 17 de fevereiro. “Para mais de 80 anos a probabilidade de morrer caso seja infetado é de 14,8%. Ou seja, 82,2% vão ser curados”, informa a publicação, que destaca que “a taxa de mortalidade é maior em pessoas com doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crónicas, hipertensão e cancro”. Informações que foram partilhadas na comunicação social, como se pode ver neste artigo da BBC . Por fim, a publicação lembra que a “pneumonia comum mata cerca de 16 pessoas por dia em Portugal, sendo que 90% das mortes correspondem a pessoas com 65 ou mais anos de idade”. Uma informação verdadeira, que foi divulgada em janeiro pela agência Lusa. Conclusão A maioria dos dados divulgados na peça está em linha com aquilo que tem sido partilhado pelos organismos oficiais, mas a premissa do artigo, que diz que a informação social não divulga informação importante é falsa. Não é verdade que a comunicação social mostre apenas os “dados mais assustadores” para causar o pânico entre a população. Desde o início do surto que os media falam frequentemente sobre o número de pessoas curadas. Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é: Errado De acordo com a classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.
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