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  • “Prof. Dr. Marcello Caetano disse: E não é que acertou?! Sobre o 25 de abril, disse Marcelo Caetano, último primeiro ministro do anterior regime, deposto pelas armas no golpe militar de há 40 anos: ´Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se tornar numa Suíça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa”, destaca-se numa imagem publicada no Facebook em 2015 que acumulou, até hoje, 43 mil partilhas. “Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República.”, lê-se na segunda parte da citação atribuída a Marcello Caetano no texto viral. As afirmações em causa foram realmente proferidas pelo último presidente do Conselho de Ministros do Estado Novo? Em todas as publicações e nas sucessivas partilhas do texto em análise, nunca é referida a fonte de onde foram retiradas as alegadas declarações de Marcello Caetano. Uma pesquisa pelo Google usando as frases partilhadas permite concluir que o primeiro parágrafo apresentado na imagem foi adulterado: a citação autêntica pertence ao livro “Marcello Caetano – Confidências no Exílio” de Joaquim Veríssimo Serrão. Nesta, o autor relata as palavras de Marcello Caetano numa conversa entre os dois, no Brasil, quando o político se encontrava exilado, tal como o Polígrafo constatou ao consultar a obra. “Sem o Ultramar estamos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade das nações ricas, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava em vésperas de se transformar numa pequena Suíça, a revolução foi o princípio do fim. Restam-nos o Sol, o Turismo, a pobreza crónica e as divisas da emigração, mas só enquanto durarem. As matérias-primas vamos agora adquiri las às potências que delas se apossaram, ao preço que os lautos vendedores houverem por bem fixar. Tal é o preço por que os Portugueses terão de pagar as suas ilusões de liberdade”, lê-se na página 208 do livro. Várias palavras e expressões do texto original foram propositadamente suprimidas e substituídas por outras, culminando no texto que se tornou viral. Na versão adulterada, a expressão “sem o Ultramar” foi substituída por “em poucas décadas”, sendo visível uma clara intenção de atribuir à falsa citação um carácter premonitório. A expressão “servilismo de bandeja” não faz parte da citação original e a palavra “revolução” foi substituída por “golpe de Estado” no texto que circula nas redes sociais. Já em relação ao segundo parágrafo da publicação em análise, o Polígrafo não encontrou qualquer prova documental de que tal declaração tenha sido proferida ou escrita por Marcello Caetano. Em declarações ao Polígrafo, o historiador António Costa Pinto confessa que também não identifica esta segunda citação como pertencendo ao antigo presidente do Conselho de Ministros do Estado Novo. Mas esclarece:“São frases que podem exprimir, ainda que de forma muito imprecisa, o espírito e as opiniões de Marcello Caetano já no seu exílio brasileiro perante Portugal e a lide política portuguesa, bem como outros aspetos que remetem para uma visão pessimista de um exilado político no Brasil.” Segundo António Costa Pinto, “mesmo que as frases não sejam fidedignas, importa salientar que muitos dos testemunhos sobre ele são de portugueses também exilados no Brasil que dialogaram com ele. Exprimindo muitos dos sentimentos de Marcello Caetano na última fase da sua vida, ou seja, não reproduzem escritos dele, mas podem partir de relatos”. A mesma opinião é partilhada por Fernando Rosas, historiador, que indica que “não será de excluir que as declarações, ainda que não da forma como estão escritas, possam ter sido proferidas, tendo em conta que estamos perante um homem exilado e amargurado com o país depois de ter sido derrubado por um movimento militar e pela revolução”. Assim, conclui-se que a primeira parte do texto viral resulta da manipulação de uma declaração de Marcello Caetano relatada no livro de Joaquim Veríssimo Serrão “Marcello Caetano – Confidências no Exílio”. Nem o Polígrafo, nem os historiadores contactados conseguiram localizar a segunda parte da citação atribuída ao político. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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