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  • No dia 28 de junho, um vídeo com um minuto começou a circular no Telegram, chegando depois a outras redes sociais. Nas imagens vêem-se dezenas de pessoas inanimadas no chão, algumas manchas de sangue e, logo no início da gravação, um polícia usa o bastão contra uma pessoa e outro agente atira com um homem para cima de outros sem qualquer cuidado. O Polígrafo encontrou, através de uma pesquisa pelas imagens, o vídeo publicado uns dias antes, a 25 de junho, numa página no Facebook da Associação Marroquina dos Direitos Humanos que denunciou a “violência gratuita contra migrantes feridos”. O vídeo, confirmado por geolocalização pelo “The New York Times”, revelou dezenas de corpos e homens feridos a serem empilhados em cima uns dos outros ao longo da vedação fronteiriça, rodeados por agentes da segurança marroquina. Portanto, o vídeo é autêntico e mostra o que aconteceu no enclave espanhol de Melilla, no norte de África, quando cerca de duas mil de pessoas tentaram fugir de Marrocos e entrar em Espanha, a 24 de junho. De acordo com a Amnistia Internacional, registaram-se pelo menos 23 mortos, enquanto a organização não governamental Caminhando Fronteras contabilizou 37 mortos. Houve ainda mais de 300 feridos, entre polícias marroquinos e espanhóis e migrantes. As autoridades de Melilla deram conta que cerca de duas mil pessoas se concentraram em território marroquino perto da cidade e começaram a aproximar-se da fronteira de madrugada, tendo sido acionado um dispositivo policial pelos dois países. Um grupo de 500 pessoas conseguiu chegar à vedação que separa os dois territórios, depois de terem destruído o acesso a um posto de controlo que estava fechado. Era um grupo “perfeitamente organizado e violento”, segundo a Delegação do Governo espanhol em Melilla. Nas imagens do vídeo é possível ver as barras azuis da vedação do posto fronteiriço, outra vedação com arame farpado no topo e consegue ler-se as palavras “Gendarmerie Royale” em vários uniformes da polícia marroquina. O canal de televisão espanhol RTVE também fez a geolocalização através de outros vídeos gravados nesse dia que confirmam tratar-se do mesmo posto. E uma correspondente no local relatou que as pessoas estavam a ser transportadas para outro local e que ficaram ali à espera durante muitas horas. Atrás dela, era possível observar as mesmas vedações com barras azuis. Além do vídeo sob análise, outras gravações e fotografias começaram a circular nos dias seguintes, provocando indignação. Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reagiu no Twitter: [twitter url=”https://twitter.com/antonioguterres/status/1541992352046370817″/] O Ministério Público espanhol já anunciou uma investigação “para esclarecer o que aconteceu” dado o “significado e gravidade” dos acontecimentos na fronteira de Melilla.
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