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| - “Esta é a imagem da Casa da Cultura, menos de uma semana (fotos do dia 28 de agosto) antes do início do Festival de Banda Desenhada“, escreve o utilizador do Facebook numa publicação em que partilha três fotografias que mostram a degradação do exterior do edifício. “É claro que a tenda da feira do livro e outros elementos que irão ser montados poderão disfarçar, mas nunca omitir, o estado de degradação a que este equipamento cultural chegou”, prossegue.
“No dia 10 de agosto o Dr. Paulo Arsénio [Presidente da Câmara Municipal de Beja] publicou na sua página um texto, acompanhado de fotos, sobre intervenções realizadas pela autarquia nas escolas até há pouco da responsabilidade do Ministério da Educação. Referia-se, nomeadamente, à pintura do pavilhão da Mário Beirão, nos seguintes termos: ‘Ter aceite as competências da área da educação permitiu-nos resolver pequenos problemas mas que eram grandes dores de cabeça para as escolas há muitos anos.’ Só que, ao mesmo tempo que se resolviam esses ‘pequenos problemas’, que o ME não resolveu ao longo de décadas (e outros bem mais graves, como o (des)conforto das salas de aula), a câmara municipal deixou para trás outros, como a pintura da Casa da Cultura“, comenta o autor do post.
Contactada pelo Polígrafo, fonte oficial do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Beja confirma que as fotografias são autênticas e atuais. “A degradação é sobretudo no exterior, tendo alguns reflexos no interior, nomeadamente problemas nas clarabóias. Os problemas referidos não colocam em causa a integridade física de qualquer utente do espaço”, garante.
A autarquia informa que desde meados da década de 1970, quando foi construída, a Casa da Cultura “nunca foi alvo de obras de requalificação profunda em nenhum mandato anterior”. Pontualmente, refere a mesma fonte, “tem sido alvo de pequenas obras de manutenção como pinturas“.
“Já este ano a CM Beja colocou mais de meia centena de vidros novos no espaço, de forma a que todas as janelas do edifício ficassem de novo fechadas, e fosse assim devolvida segurança maior ao edifício. Foi ainda requalificada uma instalação sanitária, que se encontrava num estado indigno e que agora reúne todas as condições de higiene, e construída outra, destinada a pessoas com mobilidade reduzida, visto que tal não existia no edifício”, explica.
Questionada sobre se a Casa da Cultura foi deixada para trás pelo executivo, a autarquia avisa que “o atual executivo municipal deparou-se com a degradação de vários edifícios e infraestruturas municipais, sendo exemplos dessa degradação, para além da Casa da Cultura, os edifícios do Mercado e das Piscinas Municipais”.
“As intervenções nestes equipamentos são superiores a oito milhões de euros. O executivo municipal tem de fazer opções políticas em função das verbas de financiamentos comunitários disponíveis. Assim, tendo em consideração as limitações financeiras o executivo em funções optou pela recuperação em curso dos dois edifícios referidos – Mercado e Piscinas Municipais”, esclarece.
“Dependendo do próximo Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027, e das verbas que venham a ser alocadas aos Municípios para recuperação urbana, fora das Estratégias Locais de Habitação, irá ser intervencionada a Casa da Cultura de Beja, depois de concluídas as intervenções ao abrigo do Portugal 2020 e que têm de estar concluídas até 31 de dezembro de 2023, para plena execução de fundos FEDER e de Fundo Social Europeu candidatados pelo município”, assegura a mesma fonte.
O Polígrafo também questionou os partidos da oposição. A coligação “Beja Consegue“, composta por PSD, CDS, PPM, Iniciativa Liberal e Aliança e liderada por Nuno Palma Ferro, corrobora a situação atual do edifício apresentada pela autarquia. Afirma ainda que o edifício foi deixado para trás “por opção política” e que “as obras estão contempladas como uma das prioridades” do programa eleitoral da coligação.
Já fonte oficial da Distrital de Beja do Bloco de Esquerda também confirma a situação. “”O texto corresponde à realidade, sobretudo no que respeita ao esvaziamento dos ateliers e, de uma forma global, à atividade da Casa da Cultura”, garante a mesma fonte, acrescentando que a situação “deve-se à atuação da nova chefe de divisão da cultura (agora concorrente à Câmara de Évora por um movimento de cidadãos) e à passividade do executivo camarário, designadamente de Paulo Arsénio”, afirma. A chefe de divisão da cultura é Florbela Fernandes, candidata à Câmara Municipal de Évora pelo “Movimento Cuidar de Évora”.
Quanto à degradação da Casa da Cultura, a mesma fonte diz que “é evidente, porque a Câmara apenas fez umas obras de beneficiação das casas de banho. Eu continuo a dizer que o mais grave foi a tentativa de esvaziamento de atividade cultural que era importantíssima, embora com pouca visibilidade. Outra invenção da chefe de divisão da cultura foi fechar a Casa da Cultura às 17h30, sendo que só ela tinha a chave, chegando a negá-la a Paulo Monteiro [diretor do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja] quando este queria ir trabalhar (até na preparação do Festival de BD). Enfim, asneiras sobre asneiras”, conclui a Distrital do Bloco de Esquerda.
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Avaliação do Polígrafo:
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