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  • Um vídeo supostamente gravado no aeroporto de Amesterdão mostra uma chuva de folhetos que apelam a que não sejam entregues armas a Israel, ao mesmo tempo que duas vozes acusam os viajantes de estarem “envolvidos em genocídio” da população de Gaza. Segundo publicações nas redes sociais, trata-se do “altifalante do aeroporto de Amesterdão”, que estaria a transmitir uma posição política sobre o conflito. As legendas incluídas no próprio vídeo, em inglês, explicam qual a mensagem que se ouve enquanto os viajantes se mostram espantados e curiosos, sendo que alguns pegam nos folhetos atirados ao chão. “Lamentamos informar que estão envolvidos em genocídio”, anuncia a voz. “O governo neerlandês está a usar a vossa voz e os vossos impostos para dar apoio político, financeiro e militar a Israel na sua campanha para destruir Gaza e o seu povo. Os Países Baixos recusaram pedir um cessar fogo. O vosso governo está a fazer todos os possíveis para proteger Israel das sanções nas Nações Unidas.” Depois, prossegue com mais críticas às posições políticas assumidas pelos Países Baixos, enquanto são desfraldadas bandeiras da Palestina: “Além disso, o parlamento neerlandês está a escolher defender o genocídio: a maioria do parlamento votou para ignorar a decisão do Tribunal Internacional de Justiça. Os Países Baixos também fornecem a Israel peças para os caças F35 que são usados para bombardear Gaza e a sua população civil. O vosso primeiro-ministro pergunta dentro de portas: o que é que podemos fazer para não parecer que Israel está a cometer crimes de guerra? É tempo de enfrentar a realidade: os Países Baixos estão mais uma vez no lado errado da história. Mostrem coragem.” É preciso dizer, em primeiro lugar, que o episódio não aconteceu, ao contrário do que estas publicações garantem, no aeroporto da cidade, nem sequer em Amesterdão: o próprio vídeo tem a localização identificada, na estação central de Haia. Além disso, há imagens que confirmam isso mesmo: uma das bandeiras da Palestina está estendida por cima de um dos quadros que indicam a “hora de partida dos comboios”, por exemplo. O vídeo que está a circular nas redes sociais também identifica o seu autor original, tendo sido replicado a partir do conteúdo da página @workersforpalestine.nl (trabalhadores pela Palestina, em português). Na sua página no Instagram, que conta com mais de 25 mil seguidores, o grupo diz “defender a libertação da Palestina ocupada através da arte e das instituições sociais, académicas e políticas”. Ora, o último vídeo que este grupo fixou na sua página é precisamente o vídeo original deste protesto, que é descrito assim: “Áudio diz aos passageiros para deixarem de ser cúmplices com o genocídio. Para Haia: parem de ser a capital das políticas genocidas”, lê-se, num texto que defende que o “dever” dos neerlandeses é imporem-se contra o governo e o apoio a Israel, pedindo um cessar fogo. Se é certo que o som defende, de facto, que os Países Baixos são cúmplices com atos que os manifestantes consideram “genocidas” na Palestina, não é verdade que se tenha ouvido naquelas instalações porque os ativistas conseguiram chegar à “sala de controlo” e tomar conta dos altifalantes que anunciam os horários dos comboios. O desmentido foi dado ao portal de verificação de factos Full Fact pelo Governo dos Países Baixos, mais concretamente pelo Ministério das Infraestruturas e Gestão de Água, garantindo que o sistema de altifalantes não foi “desviado” pelos ativistas como parte do protesto, que de facto aconteceu e tem acontecido repetidamente em estações no país. “O sistema de anúncios públicos não foi tomado pelos manifestantes. A voz que se ouve no vídeo é uma imitação de um anúncio público pelos caminhos de ferro neerlandeses.” Conclusão O vídeo do protesto, que de facto aconteceu, contra a posição dos Países Baixos sobre o conflito em Gaza, foi gravado na estação de comboios de Haia, e não no aeroporto de Amesterdão. Além disso, o ministério responsável pelos transportes do país confirmou que o áudio “imita” os anúncios públicos sobre os horários dos comboios, não tendo sido resultado de um “desvio” dos altifalantes da estação de comboio pelos manifestantes. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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