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  • Uma publicação do site Terça Livre TV engana ao classificar como mentirosos os relatos de jornalistas que estão sofrendo restrições ao trabalho na posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Desde a manhã desta terça-feira (1º), profissionais de veículos de comunicação nacionais e internacionais informaram problemas como longo tempo de espera para o credenciamento; impedimentos na circulação livre pelas áreas do evento; confisco de frutos redondos; proibição de ingresso com garrafas d’água, entre outras limitações. O Terça Livre TV também omite que teve acesso privilegiado às áreas da posse e que estava em um local diferente de onde partiu grande parte dos relatos. Desta forma, a publicação foi marcada por Aos Fatos com o selo FALSO na ferramenta da verificação do Facebook (entenda como funciona). ATENÇÃO: os jornalistas NÃO ESTÃO sofrendo restrição no trabalho! Ao negar que jornalistas estão sofrendo restrições durante a cobertura da posse presidencial — como a proibição de livre deslocamento pela Esplanada até o confisco de alguns alimentos e garrafas d’água —, o site Terça Livre TV desconsidera as informações relatadas por uma série de profissionais de diferentes órgãos de imprensa e omite que ele próprio foi favorecido no credenciamento para a posse de Bolsonaro. As reclamações dos jornalistas tiveram início logo pela manhã, dando conta de longos períodos de espera: o horário de encontro dos credenciados foi marcado para as 7h no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), ainda que a cerimônia de posse estivesse marcada para 15h, como relatou Carol Pires, jornalista do The New York Times. A repórter Alessandra Azevedo, do Correio Braziliense, também postou declaração semelhante. Em O Globo, Miriam Leitão classificou o tratamento dado aos jornalistas como “impensável e inaceitável”. Segundo ela, “quem tem credencial para o Congresso teria que chegar às 7h para um evento que começa às 15h. Fica no seu setor e de lá não pode sair. Se tiver conseguido também a credencial para outro momento da posse não poderá ir. Terá que ficar no mesmo local, depois de tudo terminado no Congresso, esperando a hora que o governo quiser retirá-lo do local para levá-lo de volta ao ponto inicial”. Na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, há também detalhes das mesmas restrições relatadas por outros profissionais da imprensa. Segundo a jornalista, além do que já foi falado, “apenas um jornalista de cada veículo poderia entrar no palácio, e com acesso restrito às autoridades” e “os outros ficariam do lado de fora, na portaria ou num corredor aberto no meio da população. E a assessoria alertava: neste local, era preciso evitar movimentos bruscos. Fotógrafos não deveriam erguer suas máquinas. Qualquer movimento suspeito poderia levar um sniper a abater o ‘alvo’”. Aos Fatos também colheu nas redes sociais relatos de jornalistas internacionais pedindo para deixar o local de cobertura antes mesmo da posse. Segundo a repórter Basilia Rodrigues, da CBN, “Jornalistas internacionais de agências da China e França ficaram irritados com as restrições no Itamaraty e pediram pra deixar o local de cobertura da posse”. Um relato semelhante foi twittado pela jornalista do Estadão Renata Agostini: “Alguns jornalistas estrangeiros abandonaram a cobertura diante das condições a que estão sendo submetidos os profissionais de imprensa - confinados e com acesso restrito a água e banheiro. Mas a 'imprensa amiga' tem acesso liberado (os que fazem cobertura favorável a Bolsonaro)”. A jornalista Ana Clara Costa, da revista Veja, também narrou o ocorrido, ressaltando que as restrições eram particularmente mais evidentes para quem cobria a posse a partir dos salões do Congresso: "especificamente no Congresso, a manutenção dos jornalistas em locais alijados das fontes, sem poderem se locomover ou sequer terem condição de abordar os presentes impediu o exercício da profissão". "Vencido pelo cansaço, um jornalista se sentou no chão do mezanino e abriu o laptop, enquanto transcorria o discurso presidencial. Foi abordado com truculência para que se levantasse, pois atrapalharia a passagem. Ao dizer que não iria se levantar, foi ameaçado de ser tirado do local. No mezanino havia seis cadeiras para mais de 30 jornalistas convidados", continuou. A alimentação dos profissionais da imprensa também foi alvo de restrições da equipe de segurança. A editora do Destak Jornal, Iara Lemos, relatou que os “jornalistas não podem levar maçãs inteiras para a posse, apenas as cortadas passam pela revista da segurança”. Tais relatos desmontam a afirmação do conforme mostra esta imagem. Nos último dia 29, o site informou, inclusive, que teria acesso livre a todos os locais do evento, inclusive no Itamaraty. O privilégio foi concedido pela equipe de Bolsonaro a essa e outras páginas, como o Conexão Política e o Brasil Paralelo. Manifestações de entidades. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) divulgou nota em que protesta contra as limitações ao trabalho de jornalistas durante a posse. "Confinados desde as 7h, alguns com acesso limitado a água e a banheiros, eles não puderam interagir com autoridades e fontes, algo corriqueiro em todas as cerimônias de início de governo desde a redemocratização do país", afirmou nesta terça-feira. Esta reportagem foi atualizada às 11h07 de 2 de janeiro de 2019 para acrescentar mais relatos de constrangimentos a jornalistas.
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