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| - Com uma semana (22 a 26 de maio) marcada pela investigação judicial noticiada pela TVI/CNN (Operação Tutti Frutti) sobre um suposto pacto PS/PSD para distribuir lugares nas estruturas autárquicas da capital do país, não demorou muito para que André Ventura questionasse publicamente a confiança política de António Costa nos seus ministros.
A inquietação do líder do Chega gerou reações em catadupa nas redes sociais. Num tweet datado de 25 de maio afirma-se o que se segue: “Este Chega devia mudar de nome para Demissão! Este partido não faz mais nada que não seja pedir a demissão de secretários e ministros!”
Antes da publicação deste tweet, António Costa apontou para o mesmo padrão quando confrontado, no debate quinzenal de dia 24 de maio, por André Ventura. O PM frisou que “não há debate em que o senhor deputado não peça a demissão de um membro do Governo” e que, por Ventura, “todos os membros do Governo já estavam demitidos”.
Partindo desta resposta de Costa e do tweet publicado no dia seguinte ao debate, o Polígrafo verifica: afinal quantos ministros já foram alvo dos pedidos de demissão do Chega?
Dos 20 ministros que estiveram em funções no último ano, o Chega reclamou a saída de 10.
Começando pelos casos mais recentes, na sequência da Operação Tutti Frutti, cujos detalhes da investigação judicial têm sido noticiados pela TVI/CNN, o Chega pediu a demissão tanto do ministro das Finanças, Fernando Medina, quanto do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro. Ventura usou inclusivamente o Twitter não só para pedir a demissão de Medina e Cordeiro, como também para “apelar ao Presidente da República” para que demitisse o Governo.
Mas esta não é a primeira vez que o Chega pede a demissão de Medina. Já em janeiro de 2023, Ventura frisava que o ministro das Finanças demonstrava uma “falta de autoridade e condições para continuar”.
O presidente do Chega falava na sequência do caso Alexandra Reis (que levou à demissão de Pedro Nuno Santos e respetiva substituição por João Galamba e Marina Gonçalves) e já na altura afirmava que a nomeação de Galamba – para a pasta das Infraestruturas – era uma “afronta ao país e à justiça”.
De lá para cá, Galamba viu-se envolvido no chamado “Galambagate” – que ainda se mantém por esclarecer – e o Chega não demorou a pedir a demissão do ministro. Ventura defendeu no Parlamento, após a audição de Galamba na Comissão Parlamentar de Inquérito, que “esta teia de mentiras e de falsidades e dados incompletos minaram a credibilidade” e, por isso, pediu a Costa que demitisse Galamba.
A demissão de Pedro Nuno Santos, antecessor de Galamba que saiu do Governo na sequência da indemnização milionária a Reis, foi pedida pelo Chega em pelo menos duas ocasiões antes da queda do ministro: quando Costa revogou despacho de Pedro Nuno Santos sobre a solução para o novo aeroporto de Lisboa, tendo Ventura considerado que o ministro não tinha condições para continuar, e em outubro, no seguimento da polémica da lei das incompatibilidades.
Ventura pediu a demissão de todos os ministros envoltos em casos de incompatibilidades. Estes foram, além de Pedro Nuno Santos, Ana Abrunhosa, Manuel Pizarro e Elvira Fortunato.
Outros ministros que constam da lista de demissões exigidas pelo partido liderado por Ventura são João Gomes Cravinho, Marta Temido e Maria do Céu Antunes.
Resta dizer que, dos dez visados deste Governo por André Ventura, apenas Pedro Nuno Santos e Marta Temido já não estão em funções.
Se recuarmos ainda ao anterior Governo, que terminou por consequência da não aprovação do OE2022 e deu lugar ao atual Governo de maioria absoluta, contabilizamos ainda outra ministra: Francisca Van Dunem. A ministra que acumulava a pasta da Justiça e da Administração Interna (após a demissão de Eduardo Cabrita, também ele alvo dos pedidos de demissão do Chega, e não só) viu-se como alvo de Ventura devido à polémica em torno de incorreções no currículo de José Guerra, escolhido para procurador europeu.
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Avaliação do Polígrafo:
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