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| - “Há obras nos bairros que são muito fachada. Mas sobretudo falta um diálogo. Na Pasteleira velha, por exemplo, o presidente sabe muito bem como não tiveram em conta a opinião dos moradores em casa diminutas, em que ainda estão a reduzir mais as suas varandas. Estão a pôr em causa a qualidade de vida de pessoas idosas que ali viveram 40, 50 anos e que agora são confrontadas com obras que não pediram“, afirmou Ilda Figueiredo, em debate direto com Rui Moreira.
“Isso não é verdade (…) Obras que não pediram?”, retorquiu o atual presidente da autarquia portuense. Contrariando a adversária, Rui Moreira fez questão de dizer que o projeto foi devidamente apresentado à Associação de Moradores, cujas sugestões foram, também elas, acolhidas.
“No caso do bairro da Pasteleira velha, aquilo que a sra. Vereadora está a dizer não é verdade. Fui eu próprio que reuni com a associação de moradores e apresentámos dois projetos alternativos. E perguntámos: ‘preferem isto ou preferem aquilo?’. Porque havia de facto uma grande contestação dos moradores do rés-do-chão que não gostavam do projeto. Tivemos uma segunda reunião e foi a Asssociação de Moradores que preferiu este projeto”, assegurou Moreira.
“Eles disseram que não estavam de acordo“, interrompeu a candidata da CDU, insistindo: “Os moradores não querem, eu levei um abaixo-assinado com as assinaturas de quase todos. Os moradores que nos estão a ouvir sabem quem tem razão”.
De facto, durante uma visita da CDU ao Bairro da Pasteleira, os moradores do rés-do-chão fizeram mesmo um abaixo-assinado de forma a pedir à autarquia portuense que mantivesse as marquises com porta para a rua. De acordo com os mesmos, o projeto de reabilitação do edificado previa a substituição dessas marquises por corredores comuns. Mas Ilda Figueiredo fez uma extrapolação do número de pessoas que subscreveu o documento.
As assinaturas de “quase todos” são, na verdade, apenas as dos moradores do rés-do-chão de 16 blocos. Aliás, Ilda Figueiredo disse mesmo, na altura, que “não sendo a maioria, são a maioria dos que têm este problema“.
Os números fazem a diferença, mas segundo Rui Moreira nem esses importam muito, já que o presidente da Câmara terá reunido com a Associação de Moradores do Bairro da Pasteleira, que preferiram o atual projeto.
O Polígrafo contactou o representante da associação, José Vidal, que confirma que se tratou de uma decisão acordada entre a Câmara do Porto e os moradores, sendo que as obras “estão a correr”. Ainda assim, o representante denuncia a “falta de pessoal”, razão pela qual os trabalhos se têm prolongado.
Questionado sobre se estas foram obras pedidas pelos moradores do bairro, Vidal diz que “não”, mas assegura que os mesmos estiveram presentes nas reuniões de Câmara para que lhes fosse apresentada a planta das alterações, nomeadamente ao nível dos “portões” e das “varandas”: tudo feito com o “consentimento dos moradores”.
Quanto à perda de qualidade nas habitações, José Vidal diz que estas são obras “bem implantadas” e que as pessoas “têm que ficar satisfeitas com o que se está a fazer”, já que representa um “embelezamento das casas” e um “embelezamento do bairro”.
“No meio disto tudo, há moradores satisfeitos e insatisfeitos. Mas na maioria está tudo satisfeito“, concluiu o representante da Associação de Moradores do Bairro da Pasteleira.
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Avaliação do Polígrafo:
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