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| - “O menino de ouro do PS é o principal arguido do Processo Marquês. O antigo Primeiro-ministro está acusado de 31 crimes. O Ministério Público acredita que José Sócrates escondeu na Suíça mais de 30 milhões de euros, fruto de pagamento de luvas.” Começa assim uma publicação de janeiro deste ano num site conhecido por difundir frequentemente conteúdos falsos ou manipulados.
A informação, que não é nova, foi partilhada recentemente por várias páginas no Facebook que têm uma amplitude significativa, como o “Grupo de Apoio ao Juiz Carlos Alexandre“, os “Reformados no Facebook” ou a “Remexido“.
O texto continua com várias apreciações subjetivas sobre o ex-Primeiro-Ministro: ” Sócrates está acabado. Já ‘gamou’ que chegasse. Mas como é um lunático e acredita piamente nas mentiras que diz, não nos admiraria que tivesse o desplante de se candidatar. Seria interessante ver a reacção do país e principalmente do partido do chamuscado.” E termina: “Mesmo que Sócrates se candidate à presidência da república, só aparecerão uns quantos acólitos secundários. Ninguém com relevo do PS se juntará a Sócrates, só aqueles que também beneficiaram dos golpes dele. E António Costa será o primeiro a dar de frosques!”
Vários utilizadores do Facebook sinalizaram esta informação como sendo de veracidade duvidosa. No âmbito da sua parceria com aquela rede social, o Polígrafo procede à verificação de factos.
Cingindo-nos exclusivamente às informações verificáveis (as que não resultam da opinião do autor), é possível isolar dois dados:
- Que José Sócrates está acusado de 31 crimes no processo Marquês;
- Que o Ministério Público acredita que José Sócrates escondeu na Suíça mais de 30 milhões de euros provenientes do pagamento de luvas;
Quanto à primeira imputação, ela é, segundo o Ministério Público (é importante sublinhar que o processo encontra-se neste momento em fase de instrução, logo, não está fechado) verdadeira. Num comunicado do Ministério Público, divulgado após a acusação, no âmbito da Operação Marquês foram deduzidas 28 acusações; concretamente contra 19 pessoas singulares e 9 pessoas colectivas. O antigo primeiro-ministro foi acusado, no total, de 31 crimes. Concretamente, o ex-governante foi acusado “pela prática de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político (3), branqueamento de capitais (16), falsificação de documento (9) e fraude fiscal qualificada (3)”.
Em relação à segunda imputação, ainda de acordo com o Ministério Público, também corresponderá à verdade. No despacho de acusação, sustenta-se que José Sócrates terá recebido 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimento de interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo (GES) e na Portugal Telecom (PT), bem como a garantia de concessão de financiamentos pela Caixa Geral de Depósitos à Vale de Lobo e favorecimento de negócios do Grupo Lena.
Lista de arguidos do Processo Marquês (e crimes de que são acusados):
– José Sócrates (ex-primeiro-ministro): corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada
– Carlos Santos Silva (empresário): corrupção passiva de titular de cargo político, corrupção ativa de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documento, fraude fiscal e fraude fiscal qualificada.
– Joaquim Barroca (ex-administrador do Grupo Lena): corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
– Ricardo Salgado (ex-presidente do BES): corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
– Zeinal Bava (ex-presidente executivo da PT): corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
– Henrique Granadeiro (ex-gestor da PT): corrupção passiva, branqueamento de capitais, peculato, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada.
– Armando Vara (ex-ministro e antigo administrador da CGD): corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
– Helder Bataglia (empresário): branqueamento de capitais, falsificação de documento, abuso de confiança e fiscal qualificada.
– Rui Horta e Costa (administrador não executivo dos CTT): corrupção ativa de titular de cargo político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
– Bárbara Vara (filha de Armando Vara): branqueamento de capitais.
– José Diogo Gaspar Ferreira (ex-diretor executivo do empreendimento Vale de Lobo): corrupção ativa de titular de cargo político, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
– José Paulo Pinto de Sousa (primo de José Sócrates): branqueamento de capitais.
– Gonçalo Trindade Ferreira (advogado): branqueamento de capitais e falsificação de documento.
– Inês Pontes do Rosário (mulher de Carlos Santos Silva): branqueamento de capitais.
– João Perna (ex-motorista de Sócrates): branqueamento de capitais e detenção de arma proibida.
– Sofia Fava (ex-mulher de Sócrates): branqueamento de capitais e falsificação de documento.
– Luis Ferreira da Silva Marques (funcionário da Infraestruturas de Portugal): corrupção passiva e branqueamento de capitais.
– José Ribeiro dos Santos (funcionário da Infraestruturas de Portugal): corrupção ativa e branqueamento de capitais.
– Rui Mão de Ferro (sócio administrador e gerente de diversas empresas): branqueamento de capitais e falsificação de documento.
– Lena Engenharia e Construções, SA: corrupção ativa, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
– Lena Engenharia e Construção SGPS: corrupção ativa e branqueamento de capitais.
– Lena SGPS: prática de crimes de corrupção ativa e branqueamento de capitais.
– XLM-Sociedade de Estudos e Projetos Lda: branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada.
– RMF-Consulting, Gestão e Consultoria Estratégica Lda: branqueamento de capitais
– XMI — Management & Investmenst SA: corrupção ativa e branqueamento de capitais.
– Oceano Clube — Empreendimentos Turísticos do Algarve SA: fraude fiscal qualificada.
– Vale do Lobo Resort Turístico de Luxo SA: fraude fiscal qualificada.
– Pepelan — Consultoria e Gestão SA: fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam naquela rede social.
Na escala de avaliação do Facebook este conteúdo é:
Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “verdadeiro” ou “maioritariamente verdadeiro” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo este conteúdo é:
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