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  • Depois de três dias de internamento, Donald Trump, infetado com o novo coronavírus, abandonou o Hospital Militar Walter Reed e rumou à Casa Branca. Não tardou até voltar ao Twitter com uma mensagem sobre a Covid-19; e também não tardou até a rede social sinalizar — mas não eliminar — o dito tweet por conter “informações enganadoras e potencialmente prejudiciais” relacionadas com a doença. A mensagem ainda está disponível — porque na interpretação do Twitter, “determinou-se que pode ser do interesse público que o tweet permaneça acessível” — e defende a abertura total da economia norte-americana ao comparar a gripe sazonal com a Covid-19: “A época da gripe está a chegar! Muitas pessoas todos os anos, às vezes mais de 100 mil, e apesar da vacina, morrem de gripe. Vamos fechar o nosso país? Não, aprendemos a conviver com isso, assim como estamos a aprender a conviver com a Covid, na maioria das populações muito menos letais”. Flu season is coming up! Many people every year, sometimes over 100,000, and despite the Vaccine, die from the Flu. Are we going to close down our Country? No, we have learned to live with it, just like we are learning to live with Covid, in most populations far less lethal!!! — Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 6, 2020 A opção do Facebook foi diferente da do Twitter: aquela rede social acabou mesmo por retirar a publicação, por considerar que violava as políticas de desinformação em vigor. “Nós removemos informação incorreta sobre a gravidade da Covid-19 e acabámos de remover esta publicação”, disse o porta-voz da rede social, Andy Stone, citado pela NBCNews. Em primeiro lugar, não é verdade que, nos Estados Unidos, o número de mortes provocadas pela gripe chegue a ultrapassar as 100 mil. As estimativas do Centro de Controlo de Doenças (CDC), que elenca os números da gripe desde a temporada de 2010-2011, dizem que, nos últimos 10 anos, nunca houve mais de 61 mil mortes por gripe; e que, na última temporada, foram 22 mil as vítimas mortais. Em segundo lugar, também não é verdade que a Covid-19 seja “muito menos letal” que a gripe — e, mais uma vez, são as próprias autoridades de saúde norte-americanas que contrariam as informações de Donald Trump. Até à última quarta-feira, perto de 211 mil pessoas morreram de Covid-19 nos Estados Unidos — quase dez vezes mais vítimas mortais do que os doentes que perderam a vida no inverno passado com a gripe. “A situação da Covid-19 está a mudar rapidamente”, avança a Universidade John Hopkins, uma referência na monitorização da doença nos Estados Unidos: “Como esta doença é causada por um novo vírus, a grande maioria das pessoas ainda não tem imunidade e a vacina pode demorar muitos meses. Os médicos e cientistas estão a trabalhar para estimar a taxa de mortalidade da Covid-19, mas neste momento acredita-se que seja substancialmente maior — possivelmente dez vezes ou mais — do que a maioria das estirpes de gripe“. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também confirma que a Covid-19 tem uma taxa de letalidade substancialmente superior à gripe: até quatro em cada 100 pessoas infetadas pelo novo coronavírus morrem da doença provocada pelo SARS-CoV-2. Para a gripe sazonal, essa taxa de letalidade está abaixo dos 0,1%, mas tudo depende do “acesso e da qualidade dos cuidados de saúde”, continua a organização. Conclusão É falso que a Covid-19 provoque muito menos mortes que a gripe sazonal. Ao contrário do que Donald Trump afirmou através das redes sociais, a letalidade da gripe não ultrapassa as 61 mil mortes ao longo dos últimos 10 anos nos Estados Unidos, enquanto a Covid-19 já provocou quase 211 mil mortes no país em 10 meses. Ou seja, não é verdade que a Covid-19 seja “muito menos letal” que a gripe, tal como confirmam as estimativas das autoridades de saúde mundiais e norte-americanas. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO NOTA: este artigo foi produzido no âmbito de uma parceria de fact-checking entre o Observador e a TVI.
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