schema:text
| - É falso que um vídeo mostra brigadistas do Ibama incendiando o Parque do Xingu, no Mato Grosso, para culpar fazendeiros pelas queimadas. Os agentes, na verdade, estavam realizando uma queimada prescrita, operação em que parte da vegetação é destruída pelo fogo para criar uma barreira natural contra incêndios de maior escala. A ação está prevista na legislação ambiental e teve anuência de lideranças indígenas da região.
A gravação enganosa acumulava mais de 5.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (24). A peça de desinformação circula também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar a viralização dos conteúdos (fale com a Fátima).
INDÍGENAS DENUNCIAM FLAGRANTE DE QUEIMADAS CRIMINOSAS NO XINGU. QUEREM CULPAR OS FAZENDEIROS.
É enganoso o vídeo que tem viralizado nas redes no qual uma indígena mostra um campo incendiado e alega que brigadistas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) estariam ateando fogo no território Xingu. A gravação, na realidade, mostra uma queimada controlada, que tem a função de prevenir incêndios de maiores proporções.
Em nota enviada ao Aos Fatos, a autarquia explicou que o vídeo foi gravado na última terça-feira (18) no Parque Indígena Xingu, quando três indígenas kalapalos armados interromperam o trabalho de brigadistas que tinham autorização para realizar uma queimada prescrita em seu território.
“A queima prescrita é uma técnica de prevenção a incêndios florestais, assim como os aceiros. A iniciativa requer treinamento e conhecimento da região onde a técnica será empregada. É o uso do ‘fogo bom’ para evitar o ‘fogo ruim’. A técnica é usada apenas em áreas de campos ou savanas, e não em áreas de floresta. Trata-se de um fogo suave, que não provoca a morte de plantas ou animais. A fumaça costuma ser mais branca, devido à umidade, e a vegetação rebrota logo em seguida”, explicou o Ibama.
O cacique-geral do Xingu, Tapi Yawapati Xingu, também disse, em vídeo, que as lideranças indígenas da região haviam permitido a operação do Ibama para “controlar a queimada da floresta”.
A queima controlada está prevista no Código Florestal e é regulamentada pelo decreto 2.661. A realização do processo depende de autorização prévia do órgão ambiental e está sujeita a uma série de regras, como o uso de mão de obra especializada, o reconhecimento do terreno e o emprego de recursos que impeçam a disseminação descontrolada do fogo.
Outro lado. O vídeo foi publicado no Instagram pela influenciadora Ysani Kalapalo, indígena que acompanhou Jair Bolsonaro (PL) em discurso na ONU em 2019.
Procurada pelo Aos Fatos, ela questionou a nota do Ibama e disse que a queima prescrita não foi aprovada pela autoridade do território.
Este checagem foi atualizada às 15h10 do dia 24 de junho para acrescentar o posicionamento de Kalapalo.
|