About: http://data.cimple.eu/claim-review/619eed4e54d3084208c03b8de01e3f005000b9437ef3ef9eb363c0e0     Goto   Sponge   NotDistinct   Permalink

An Entity of Type : schema:ClaimReview, within Data Space : data.cimple.eu associated with source document(s)

AttributesValues
rdf:type
http://data.cimple...lizedReviewRating
schema:url
schema:text
  • Uma publicação realizada num grupo do Facebook sugere que uma pandemia de varíola dos macacos, a doença causada por uma infeção pelo vírus monkeypox, está a ser planeada pela “máfia da saúde pública”. Os autores afirmam que um surto desta doença está a ser projetada para “aterrorizar o público e fazer dinheiro”; e apontam quatro fontes de informação, duas das quais serão o “boom”, uma espécie de revelação revolucionária — mas a verdade está longe disso. A primeira fonte é um artigo da National Public Radio (NPR), com informações factualmente corretas, em que se explica o que se sabe sobre os surtos de varíola dos macacos que têm surgido em países onde a doença não é endémica. O segundo link remete para um artigo científico onde se argumenta que o monkeypox está a emergir como “a mais importante infeção de um orthopoxvirus”, o género de vírus a que este agente patogénico pertence, “entre humanos”; e onde se reveem os surtos que têm surgido desde os anos 70. Mas nas duas últimas referências desta publicação, onde os autores dizem que se encontram evidências do planeamento de uma pandemia de varíola dos macacos, constata-se não existirem quaisquer sinais que apontem nesse sentido. Uma delas é um relatório de 1997 em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) se assume “preocupada” com a possibilidade de que “o fim dos programas de vacinação para a varíola possa ter levado à gravidade do último surto” de varíola dos macacos. O fim dos programas de vacinação contra a varíola no final da década de 1970 provavelmente levou a um aumento na suscetibilidade à varíola dos macacos e poderia explicar o tamanho maior do surto, a maior proporção de pacientes com 15 anos ou mais e a disseminação por muitas gerações de transmissão”, teoriza a OMS. Mas não indica em momento nenhum que isso está por detrás de um esquema maléfico para tornar a doença numa pandemia: aliás, a organização dizia há 25 anos que a varíola dos macacos podia “representar um problema de saúde pública localizado” — mas não um problema global. Portanto, iria “manter a vigilância” da doença. A quarta e última referência também não revela qualquer intenção de criar um surto de varíola dos macacos e transformá-lo propositadamente numa pandemia. Trata-se de um relatório sobre um exercício teórico da Nuclear Threat Initiative (NTI), uma organização não-governamental focada na “redução de ameaças nucleares e biológicas que põem em perigo a humanidade”, em parceria com a Conferência de Segurança de Munique. Nesse documento, os especialistas explicam os resultados de um exercício teórico em que se “examinaram as lacunas na biossegurança e a preparação das estruturas nacional e internacional em pandemia”. Para isso, supuseram que “uma pandemia global e mortal envolvendo uma variante incomum do vírus da varíola dos macacos [tinha surgido] na nação fictícia de Brinia e se espalhou globalmente ao longo de 18 meses”. Neste exercício teórico, realizado em março de 2021 e publicado em novembro do mesmo ano, estabeleceu-se que o surto inicial tinha sido causado por “um ataque terrorista utilizando um patogénio num laboratório com instalações inadequadas de biossegurança” e que “a pandemia fictícia resultou em mais de três mil milhões de casos”. Mas isso não significa que este exato cenário será traduzido para a realidade: tal como o relatório aponta por 11 vezes ao longo de 36 páginas, é tudo “fictício”. O Observador questionou a NTI, responsável por este relatório, sobre o motivo pelo qual os especialistas escolheram debruçar-se sobre o vírus da varíola dos macacos e não qualquer outro. Uma fonte oficial da organização encaminhou então uma lista de perguntas e respostas publicadas já em maio de 2022 sobre o tema e esclareceu que os peritos pretendiam “escolher um patogénio que se encaixasse plausivelmente no nosso cenário”. O monkeypox era apenas uma opção entre muitas oferecidas por consultores especializados. “Um dos fatores na seleção da varíola dos macacos foi o valor de selecionar um agente patogénico com características diferentes do vírus SARS-CoV-2, o que encorajou os participantes do exercício a considerar questões além daquelas que já foram destacadas pela atual pandemia”, realça a NTI. Mas “o facto de vários países estarem a passar por um surto de varíola dos macacos é mera coincidência”. De resto, a situação epidemiológica nos países com casos confirmados de varíola dos macacos — e Portugal é um deles — nada tem a ver com o cenário imaginado pelos cientistas que participaram neste exercício teórico. “O cenário fictício no nosso exercício envolveu uma variante hipotética do vírus da varíola dos macacos, que era mais transmissível e mais perigosa do que as variantes naturais do vírus”, ressalva a organização. E prosseguiu: Não temos motivos para acreditar que o surto atual envolva um patogénio projetado, pois não vimos nenhuma evidência convincente que suporte tal hipótese. Também não acreditamos que o surto atual tenha o potencial de se espalhar tão rapidamente quanto o patogénio fictício e projetado no nosso cenário ou causar uma taxa de mortalidade tão alta”. Para a NTI, a coincidência de o vírus sobre o qual se debruçou este exercício teórico ser o mesmo que agora está a provocar surtos não é de estranhar. Nem passa disso mesmo — uma coincidência. Afinal, “os riscos representados pela varíola dos macacos foram bem documentados há anos por várias autoridades de saúde pública”. As informações que constam no cenário fictício da organização “não são novas”. A própria Organização Mundial de Saúde veio, muito recentemente, afastar a ideia de que a varíola dos macacos possa vir a provocar uma pandemia. “Não acreditamos que este surto seja o início de uma nova pandemia porque é um vírus já conhecido, temos as ferramentas para controlá-lo e a nossa experiência diz-nos que não é transmitido tão facilmente em humanos como em animais”, sustentou Rosamund Lewis, uma especialista em varíola daquela organização. Conclusão Não há qualquer evidência de que os surtos atuais de varíola dos macacos culminarão numa pandemia planeada por qualquer entidade de saúde pública. Todos os estudos apontados na publicação são meras explicações do conhecimento que se tem sobre a doença, o vírus que a provoca e o modo como se transmitiu em surtos mais antigos. Há um relatório em que um conjunto de peritos procura entender quão robusta seria a resposta nacional e internacional a uma pandemia provocada pelo monkeypox, mas tudo não passa de um mero exercício teórico e fictício. A própria Organização Mundial de Saúde afastou a ideia de que a doença venha a provocar uma pandemia. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook
schema:mentions
schema:reviewRating
schema:author
schema:datePublished
schema:inLanguage
  • Portuguese
schema:itemReviewed
Faceted Search & Find service v1.16.115 as of Oct 09 2023


Alternative Linked Data Documents: ODE     Content Formats:   [cxml] [csv]     RDF   [text] [turtle] [ld+json] [rdf+json] [rdf+xml]     ODATA   [atom+xml] [odata+json]     Microdata   [microdata+json] [html]    About   
This material is Open Knowledge   W3C Semantic Web Technology [RDF Data] Valid XHTML + RDFa
OpenLink Virtuoso version 07.20.3238 as of Jul 16 2024, on Linux (x86_64-pc-linux-musl), Single-Server Edition (126 GB total memory, 5 GB memory in use)
Data on this page belongs to its respective rights holders.
Virtuoso Faceted Browser Copyright © 2009-2025 OpenLink Software