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| - Nas redes sociais, está a ser partilhada uma petição do partido europeu mais à direita do hemiciclo, Identidade e Democracia, com o objetivo de arrecadar assinaturas para evitar que os países da União Europeia (UE) acolham refugiados afegãos.
No abaixo-assinado, afirma-se que “os povos dos países membros da União Europeia não deviam ser vítimas colaterais da captura de Cabul pelos taliban. Esta ascensão ao poder irá certamente provocar novas vagas de imigração, com risco que estas implicam: importação do conflito afegão para os nossos países, insegurança, islamização, terrorismo”.
Será verdade que a União Europeia se prepara para receber uma nova vaga de refugiados, comparável à que se verificou durante a crise dos refugiados em 2015, descontrolada e sem critério?
A 25 de agosto, a eurodeputada do Identidade e Democracia Laura Huhtasaari questionou a Comissão Europeia (CE) sobre se é esperada uma política comum da União Europeia para lidar com uma eventual crise de refugiados afegãos.
Apesar de a Comissão Europeia ainda não ter respondido à eurodeputada, a Comissária Europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, avisou, num comunicado de 18 de agosto, que “não podemos esperar para que as pessoas cheguem às fronteiras da União Europeia. Temos que prevenir que as pessoas venham até à União Europeia de formas pouco seguras, irregulares e por rotas não controladas, através de redes de tráfico humano”.
Nesse sentido, a Comissária defende uma solução concertada para apoiar os países de fronteira – o Paquistão e o Irão – que neste momento estão a acolher mais refugiados afegãos. Também a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comunicou a 24 de agosto, depois da reunião do G7, que o fundo para apoiar os países fronteira vai passar de 50 milhões de euros para 200 milhões.
Ao Polígrafo SIC, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) esclareceu que a situação dos refugiados afegãos tem contornos diferentes daqueles de que resultou a crise dos refugiados na UE.
A ACNUR estima que 3,5 milhões de afegãos estejam deslocados das suas casas, mas mantêm-se no país de origem. Só uma pequena percentagem saiu do país e, destes, 90% foram para países de fronteira, como o Paquistão e o Irão. A agência da ONU destaca que “a União Europeia e o resto do mundo são fundamentais para apoiar os afegãos, através de apoio humanitário, ou seja, mantimentos, abrigos para os afegãos deslocados no país de origem e apoio para que os direitos humanos desta população sejam respeitados. A questão da migração para a Europa não é relevante, neste momento, e é uma visão egoísta. O que é preciso é apoio no terreno”.
Ao Polígrafo SIC, a Comissão Europeia reforça as declarações da ACNUR: “Atualmente, não estamos a ver grandes movimentos de cidadãos afegãos, mas é necessário preparamo-nos para diferentes cenários para protegermos aqueles que estão em perigo, reforçando a capacidade dos países de fronteira de receberem estes refugiados de forma digna e segura”. Quanto à União Europeia, a Comissão apela a que “os Estados-membros recebam alguns destes refugiados, mas de forma voluntária“.
Posto isto, é falso que a União Europeia esteja na iminência de receber uma vaga de refugiados comparável à de 2015. Ao contrário do que aconteceu durante a crise dos refugiados na UE, a Comissão Europeia está a desenvolver apoios no terreno e nos países vizinhos para evitar que os afegãos optem pela imigração ilegal para a União Europeia.
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Avaliação do Polígrafo SIC:
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