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| - “Este André Ventura é o mesmo, creio eu, que, em 2015 – ainda andava pelo PSD e já eu andava a combater o Governo de António Costa -, escreveu que Portugal devia reforçar o acolhimento de migrantes. De refugiados de guerra, como era este cidadão”. Em causa o afegão de 28 anos que esfaqueou esta quinta-feira, no Centro Ismaili, em Lisboa, duas mulheres. A falar contra André Ventura o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, na noite de ontem na CNN Portugal.
André Ventura defendeu-se imediatamente a seguir, enquadrando as suas alegadas declarações: “Em que contexto é que isso foi? No contexto da tragédia da Síria.”
Soares continuou ainda assim: “Hoje, como lhe dá jeito cavalgar esta onda de tragédia, já diz o contrário. Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa: sabe onde é que o André Ventura tem razão? É que é preciso haver uma imigração regulada. Foi isso que nós propusemos a 18 de janeiro deste ano, no Parlamento.”
A reter: é ou não verdade que o líder do Chega escreveu, em 2015, que Portugal devia “reforçar o acolhimento de imigrantes”?
Hugo Soares tinha em mente um artigo de opinião da autoria de André Ventura, colunista regular do “Correio da Manhã” até maio de 2020, em que, sob o título “Os refugiados e o Mar da Morte”, Ventura defende que “países como Portugal e a Irlanda não devem esquecer o seu passado e devem acolher o maior número de migrantes“.
“O Mediterrâneo transforma-se, estes dias, num verdadeiro mar de morte: migrantes resgatados todos os dias em condições desumanas, barcos naufragados e corpos estendidos sobre as ondas ou, como o pequeno Aylan, sobre a areia das praias nas imediações da Europa. (…) Parece-me evidente que não podemos simplesmente fechar os olhos e virar a cara ao drama humano que representam estes fluxos migratórios desesperados. Tão-pouco podemos impor exclusivamente esse ónus aos países voltados para o Mediterrâneo ou aos Estados mais ricos, como a Alemanha”, escreveu Ventura, numa altura em que ainda era militante do PSD.
Não deixando de alertar, contudo, para o que classificou como “o problema do terrorismo“, prevendo que “as redes terroristas (…) não hesitarão em infiltrar os seus guerrilheiros nesse imenso mar humano”.
Nesse sentido, concluiu da seguinte forma: “Agora somos vulneráveis ao imenso drama humano que se desenrola às nossas portas. E, na verdade, é impossível ser indiferente. Mas podemos bem vir a correr, num futuro próximo, atrás do prejuízo, com o coração e as principais artérias da Europa repletos de guerrilheiros da Jihad. E de comboios e autocarros destroçados, relembrando o Mediterrâneo como um imenso mar de morte”.
No mesmo artigo, Ventura fez também uma referência crítica ao “racismo na Europa“, sublinhando que “com a chegada de milhares de refugiados, alguns países europeus têm enfrentado lamentáveis manifestações de xenofobia que têm, em alguns casos, resultado em violentos confrontos”.
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Avaliação do Polígrafo:
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