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  • “Na comemoração do centenário do PCP, é em homenagem aos muitos comunistas com os quais privei que relembro este depoimento ficcionado. Foi em 1962, 12 anos antes da queda do regime de Salazar e Caetano, e representou uma vitória com significado sociológico e político bem destacado na luta que, também noutros sectores, se travava contra a ditadura. Os nossos filhos não a conhecem nem as duras condições de trabalho e de vida que se viveram nos campos do Alentejo e do Ribatejo”, pode ler-se na publicação em causa, que inclui um pequeno diálogo fictício sobre essa reivindicação. Falamos da conquista das oito horas diária de trabalho rural, marco histórico da luta revolucionária do operariado agrícola do Sul. De forma a relatar os factos à data, o Polígrafo consultou edições republicadas do jornal “Avante!”, numa altura em que este subsistia na clandestinidade e afeto ao PCP. Na edição de abril de 1962 pode ler-se um presságio do que viria a acontecer em maio do mesmo ano: “Na Herdade do Monte Novo (Grândola) os operários agrícolas reclamaram do patrão que passasse a jorna de 20 escudos para 22. Apesar de ser uma jorna tão baixa, o patrão não satisfez o pedido e então todos os trabalhadores se despediram. Na semana seguinte conquistaram os 22 escudos. Entretanto, em todo o Alentejo aproximam-se as ceifas. Fazei reuniões de trabalhadores para assentar na jorna que deveis pedir! Lutai junto das Casas do Povo e das autoridades para que seja estabelecido um contrato para toda a ceifa que dê trabalho a todos por uma jorna justa e que as máquinas não trabalhem enquanto houver braços parados. Só organizando-vos amplamente podereis conquistar as vossas reivindicações, podereis sair da profunda miséria para que vos atirou o regime salazarista!”. Dois meses depois, na edição de junho de 1962, o título era este: “As oito horas de trabalho são conquistadas no Alentejo!“. “Em várias terras, particularmente no Alentejo Litoral, já muitas vezes se tem lutado pelas oito horas de trabalho e se tem conseguido algumas vitórias. Tais lutas são o protesto organizado contra as esgotantes jornadas de trabalho de sol a sol, a que são obrigados os que vendem a força do seu trabalho no campo por um preço de miséria. As grandes lutas do nosso povo e, em especial, a preparação da comemoração do 1º de maio elevaram a unidade, a organização e a combatividade também do operariado agrícola”, lê-se no corpo do artigo. “Os agrários e alguns capatazes não querem aceitar a vontade unânime dos trabalhadores, recorrendo a ameaças e à repressão”, escreve o jornal “O Camponês”, na edição de maio de 1962. “Esta é uma grande vitória conquistada pelos operários agrícolas. É o fruto da Unidade, da Organização e Firmeza de milhares de trabalhadores em defesa dos seus interesses. (…) No 1º de Maio mais de 30 mil trabalhadores do Alentejo Litoral, Grândola, Ermidas, região de Sines e Cercal, Vila Nova de Milfontes, S. Domingos, Melides, Alvalade (…) entre outras, fizeram greve geral. No dia 2 impuseram o horário das oito horas no campo, e conquistaram melhores jornas”. Em entrevista ao Polígrafo, o historiador Manuel Loff explica que “é fundamentalmente no Sul que há contestação do mundo camponês” e que, se ela é organizada, sendo que “quase sempre é organizada, é pelos comunistas, que estão presentes no terreno pelo menos desde os anos 30“. “No mundo camponês – Ribatejo, Alentejo e Beira Baixa – desde o fim da presença anarquista nos anos de 1930, o Partido Comunista é o único que tem militantes, ou simpatizantes que contactam com militantes, tudo na clandestinidade, em toda a zona da grande propriedade”, sublinha o historiador. “Ninguém tem dúvidas sobre se o PCP é o único partido que tem presença no mundo rural camponês da grande propriedade. Em todos os momentos de crise do Salazarismo há greves no mundo camponês. Mesmo quando aparecem outros movimentos da esquerda radical, a chamada extrema-esquerda, os maoístas por exemplo, praticamente não têm presença neste mundo”, realça. Esta conquista enquadra-se num contexto histórico central e que terá proporcionado as condições ideais para “organizar greves com resultados”, defende Loff, uma vez que, em 1962, a conjuntura apresentava-se menos adversa do que noutras ocasiões, sendo que o regime tinha sido claramente desafiado em ações como os assaltos ao quartel de Beja e ao paquete Santa Maria. Segundo o historiador, esta altura marcou o “fim de quatro anos alucinantes para Salazar, que começam com a campanha presidencial de 1958 e terminam com uma tentativa de golpe militar no próprio regime – a chamada ‘Abrilada de 1961’. Finalmente, em 1962, a guerra começou, os militares estão de novos disciplinados, a sociedade está, numa primeira fase, amedrontada e mobilizada para o esforço de guerra e, portanto, isto acalma do ponto de vista político, mas não social“. Estavam assim reunidas as condições para as greves camponesas no Alentejo, que viriam a significar a conquista das oito horas diárias de trabalho rural, representação de uma manifesta melhoria das condições de vida e de trabalho dos milhares de trabalhadores afetados. No centro da reivindicação, como motor impulsionador, esteve a intervenção dirigente do PCP. __________________________________________ Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social. Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é: Verdadeiro: as principais alegações do conteúdo são factualmente precisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “verdadeiro” ou “maioritariamente verdadeiro” nos sites de verificadores de factos. Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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