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| - “O zoológico privado de Luján, situado na província de Buenos Aires, na Argentina, foi denunciado por entidades protetoras dos animais. Eles mantinham os animais dopados por mais de oito horas para que as pessoas pudessem tirar selfies. Os funcionários permitiam que as pessoas acariciem os animais, tais como: tigres, leões, elefantes e outros animais considerados selvagens.”
Assim se inicia um artigo que tem sido largamente partilhado nas redes sociais, o qual sugere que o Jardim Zoológico de Luján está a drogar animais com o propósito específico de atrair visitantes ao parque. “Uma organização da Argentina de proteção de animais informou que é comum que os animais fiquei dopados por mais de oito horas”, sublinha-se no texto.
Já o zoológico em questão contradiz esta informação: “Segundo a imprensa local, os funcionários afirmam que os animais que os animais não são dopados e que não têm necessidade de fazer isso, já que os mesmos não apresentam uma condição selvagem”, conclui-se no texto.
Confirma-se que o Jardim Zoológico de Luján droga animais para que visitantes possam tirar fotos com eles? Verificação de factos.
Como o artigo menciona, o Jardim Zoológico de Luján situa-se em Buenos Aires, na Argentina. Os visitantes podem de facto interagir de perto com os animais, como pudemos confirmar através de algumas opiniões e fotos deixadas no TripAdvisor.
Neste zoológico, os visitantes podem entrar nas jaulas e interagir com os animais, sejam eles elefantes, tigres ou leões. É possível alimentá-los e tirar fotografias. Segundo o jornal inglês Daily Mail, o parque esteve no centro de uma polémica por várias alegações de que os animais seriam drogados, como forma de permitir que esse contacto entre humanos acontecesse.
Como adianta o mesmo jornal, a Born Free Foundation (fundação inglesa protetora de animais) condenou o jardim zoológico e emitiu uma declaração a pedir que as pessoas não o visitassem: “Baseado no que vi no site do Lujan Zoo, estou receoso de que aconteça um acidente. Na minha opinião, o parque está a pôr em risco a vida das pessoas ao encorajá-las a estar perto de animais selvagens, que são potencialmente perigosos e mortais. Qualquer pessoa que tenha algum conhecimento de felinos consegue entender que são animais selvagens, logo, imprevisíveis”, sublinhou Will Travis, diretor-geral da Born Free Foundation.”Um zoológico tem como missão educar e conservar. Se eles acham que é correto ensinar às pessoas que agarrar tigres e fazer festas a primatas é educativo, então estão completamente enganados”, concluiu.
Porém, o diretor do jardim zoológico, Claudio Nieva, contesta estas alegações: “Alimentamos todos os animais, especialmente os predadores, para não terem fome quando está uma pessoa dentro da jaula. E estão lá sempre dois ou mais treinadores a supervisionar. Os tigres e os leões estiveram com os treinadores desde nascença. Habituámo-los a estarem perto de cães domesticados que lhes ensinaram limites”. E adianta: “Não é uma coincidência que em todos estes anos ninguém se tenha magoado.”
Em resposta às acusações de os animais serem sedados, o diretor sublinha: “Seria impossível sedar animais ininterruptamente porque acabariam doentes e eventualmente mortos.”
Na página do TripAdvisor do Jardim Zoológico de Luján, várias pessoas afirmaram que o comportamento dos animais não é normal: “Quem gosta de animais se decepciona, todos ficam dopados para que os clientes possam entrar e tirar foto, tinha um filhote de leão que não conseguia nem parar em pé na hora que entrei na jaula, os animais “adultos” ficam pior ainda, todos mal cuidados e presos em espaços muito pequenos”, pode ler-se num comentário deixado por um visitante.
Segundo o jornal argentino Infobae, “La Defensoria del Pueblo” de Buenos Aires, agência governamental que supervisiona a proteção dos direitos civis e humanos, exigiu às autoridades da província onde funciona o parque que fechassem o jardim zoológico. Alegam-se “incumprimentos sucessivos da lei 12.328”, lei essa que prevê o funcionamento de parques deste género.
“Os animais são seres sencientes e portanto somos contra este tipo de sítios e tratos. Neste caso havia denúncias de associações e vizinhos. Viemos ver e constatámos o que já suspeitávamos: maus tratos e condições indignas. Para além disso, há um incumprimento da lei”, afirma o “defensor del pueblo”, Guido Lorenzino. “Já pedimos à Direção Nacional da Fauna que feche este zoológico. Se isso não acontecer, iremos à Justiça”, garante.
A partir dos dados disponíveis, ou comprovados, não se pode concluir com certeza que os animais sejam mesmo sedados para terem contacto com as pessoas, apesar dos vários indícios que apontam nesse sentido. O facto é que o jardim zoológico continua em funcionamento, algo que se pode confirmar na respetiva página oficial. Pelo que classificamos esta publicação como imprecisa, sobretudo por causa do título que apresenta uma suspeita como se fosse um dado adquirido.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Título falso: as principais alegações dos conteúdos do corpo do artigo são verdadeiras, mas a alegação principal no título é factualmente imprecisa.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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