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  • Crianças a mexer em brinquedos sexuais. É este o cenário mostrado num vídeo — altamente editado e cortado — que circula pelas redes sociais, em publicações que garantem que os objetos foram “oferecidos” às crianças e que é preciso “coragem” para lutar contra esta “cultura” que a esquerda, dizem os autores destes textos, quer alimentar. No vídeo de cerca de trinta segundos incluído nessas publicações, uma série de meninas, de caras escondidas por máscaras, abrem uma caixa de cartão e vão retirando de lá brinquedos sexuais, como vibradores, que tentam usar para pentear o cabelo, por exemplo. Acontece que esse vídeo não conta a história toda: o original, que dura um minuto e três segundos e pode ser visto aqui, foi produzido por uma organização que luta contra a exploração sexual de crianças, a Free a Girl, precisamente com o objetivo de alertar contra esse tipo de práticas. No seu website, a organização diz ter como missão “lutar por um mundo sem exploração sexual comercial de crianças” e garante já ter ajudado a resgatar mais de sete mil crianças nessa situação. No vídeo completo, vê-se as mesmas meninas a receberem a caixa e a tentarem adivinhar o que serão aqueles objetos que nunca viram antes. Há quem arrisque que um vibrador parece “um golfinho”, outras falam num “saca rolhas” ou numa “varinha mágica”. O anúncio prossegue explicando então que o que não passa de “imaginação inocente” para estas crianças é “uma realidade horrível para milhões de outras”. E começa então a parte mais chocante do vídeo, em que se mostra uma menina indiana, com a cara tapada, à beira de ser alvo de uma operação de tráfico sexual, enquanto adultos discutem o seu “preço”. O anúncio, na versão original, termina com uma mensagem: “Combata a prostituição infantil, doe agora!”. Em 2017, quando foi divulgado, houve vários jornais que escreveram notícias sobre o anúncio, que era então descrito como “chocante” e uma forma “arrojada” de chamar a atenção do público para o assunto. Nessa altura, a diretora e co-fundadora da Free a Girl, Evelien Hölsken, frisava numa declaração citada por vários meios da imprensa internacional que “se estima que dois milhões de crianças em todo o mundo sejam usadas para prostituição. 1,2 milhões estão na Índia. Meninas são forçadas a ter relações sexuais todos os dias com dezenas de homens. Queremos que isto páre e apelamos a todo o país que una forças connosco e passe à ação. Juntos podemos libertar as crianças dos cenários horríveis em que vivem e oferecer-lhes um futuro novo e brilhante”. Conclusão Nem o vídeo foi retirado de um programa de televisão, nem as crianças receberam, como se fossem presentes, os brinquedos sexuais que aparecem nesse excerto. O vídeo original faz parte de uma campanha contra a exploração sexual de crianças e serve para deixar um alerta contra esse tipo de práticas. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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