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| - “Não é demasiadamente fácil, para um flagelo e para uma tragédia que se repete todos os anos, como os incêndios, dizer que a culpa é do Governo, como o senhor disse?” Esta foi a pergunta de abertura da entrevista desta noite a Luís Montenegro, na CNN Portugal. Ao que o recém-eleito presidente do PSD respondeu da seguinte forma:
“Não é uma questão de ser fácil, é uma questão de responsabilidade política. Este Governo exerce funções há sete anos. E foi sob o comando deste primeiro-ministro, e sob a tutela do PS no Governo, que nós tivemos o maior episódio em termos de dimensão, de perdas de vidas humanas e também materiais, com incêndios florestais, em 2017. E, portanto, essa marca está no percurso destes sete anos e devia ter sido um ponto também de viragem, do ponto de vista daquilo que é a prevenção, daquilo que são as medidas de exploração da atividade florestal e de tentar diminuir aquilo que é infelizmente uma inevitabilidade, dir-se-á, de termos incêndios florestais.”
O “maior episódio” registou-se mesmo em 2017?
De acordo com os dados recolhidos pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS, na sigla em língua inglesa), cruzando também com os dados inscritos nos relatórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), desde 1980, os anos com maior área ardida registada em Portugal foram os seguintes: 2017 com 539.921 hectares, 2003 com 471.750 hectares e 2005 com 346.718 hectares.
Ao nível de área ardida, não há dúvida que o “maior episódio” ocorreu em 2017, com epicentros em Pedrógão Grande (junho) e Oliveira do Hospital (outubro). E o mesmo se aplica às “perdas de vidas humanas“, até em maior escala, porque em nenhum ano se aproximou sequer da fasquia de 116 mortes provocadas por incêndios florestais.
Por exemplo, em 2003, o segundo ano com maior área ardida (desde 1980), registou-se um total de 21 mortes, incluindo dois especialistas chilenos que faleceram num incêndio na Chamusca. Em 2005, o terceiro ano com maior área ardida, morreram 16 pessoas, entre as quais 12 bombeiros.
Para encontrar um número mais próximo das 116 mortes de 2017 é preciso recuar até ao período do Estado Novo, mais precisamente a 1966, quando um fogo na Serra de Sintra causou a morte de 25 militares do Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa de Queluz, mobilizados para combater as chamas.
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Avaliação do Polígrafo:
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