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  • Num mês marcado pelo anúncio da World Athletics, onde as atletas transgénero vão ser oficialmente excluídas das provas femininas de atletismo, tornou-se viral uma publicação que alega que uma lutadora de MMA morreu, depois de ter enfrentado no ringue uma adversária transgénero. É uma informação que tem sido partilhada em várias plataformas de redes sociais, como Facebook ou Instagram. “Temos de proteger as categorias femininas.” World Athletics exclui atletas transgénero das provas femininas de atletismo Num dos posts em questão, um autor partilha um vídeo do alegado combate para dizer que a atleta em questão “morreu após um traumatismo craniano”, acrescentando que “não resistiu” à força do soco, mais forte que o de “uma mulher natural”. Numa outra publicação sobre esta suposta morte, lê-se que é preciso “parar imediatamente” estes casos que, diz o autor, permitem “legalmente um homem matar uma mulher“. Esta última publicação é também acompanhada de uma captura de ecrã do vídeo já referido. Em ambas as publicações, é partilhada uma fotografia que mostra uma mulher com uma ligadura no braço a chorar, rodeada de outras pessoas, juntamente com a legenda “lutadora de MMA que enfrentou ‘homem-trans’ morreu neste último domingo”. Mas será esta alegação verdadeira? Fazendo uma simples pesquisa no Google sobre a existência de mortes de atletas transgénero em combates de MMA (mixed martial arts ou artes marciais mistas) nos últimos anos, conseguimos perceber que esta alegada notícia já anda a circular nas redes sociais desde 2018, muitas vezes acompanhada pela fotografia já referida que mostra várias pessoas a chorar. Ainda assim, as imagens e protagonistas do alegado combate vão variando. Aliás, em 2018 era partilhada a informação de que a lutadora que teria morrido se chamaria Shang Mau Bi e a atleta transgénero Nilita Drobonev — dois nomes que não surgem associados a nenhuma lutadora da modalidade nas pesquisas que fizemos em vários motores de busca. A legenda da fotografia utilizada, com o grupo de pessoas a chorar, é também falsa. Na verdade, não mostra pessoas desoladas depois da morte de uma atleta de MMA, mas sim um grupo em luto depois da morte de um polícia num acidente na Tailândia. A imagem foi originalmente publicada em 2015, num site de notícias tailandês onde é referida a atriz britânica Anna Reese, uma das mulheres na fotografia. Uma pesquisa por este nome permite encontrar várias notícias em jornais como o inglês The Independent, onde é revelado que a atriz esteve envolvida numa colisão de automóveis em Banguecoque, que provocou a morte de um polícia. A fotografia terá sido tirada depois deste acidente. Fact Check. Ciclistas trans ganham 1.º e 2.º lugar numa corrida de mulheres? Já em relação ao vídeo que acompanha uma destas publicações, através de uma pesquisa reversa no Google conseguimos perceber que se trata de uma luta transmitida em setembro de 2021. Ao contrário do que alega a publicação, o vídeo (ainda disponível no Youtube) diz respeito a um combate de kickboxing — e não de MMA — que coloca frente-a-frente uma atleta espanhola (Cristina Morales) e uma franco-argelina (Anissa Meksen), nenhuma delas transgénero. De resto, esta publicação já foi desmentida por outros fact checkers estrangeiros, como os da Reuters e Agence France-Presse. Conclusão É falso que uma lutadora de MMA tenha morrido nas últimas semanas, depois de ter enfrentado no ringue uma atleta transgénero. Não há notícias sobre este caso nas notícias e alegações semelhantes a esta já circulam nas redes sociais desde 2018. As imagens utilizadas nesta publicação também não são verdadeiras – uma diz respeito a um acidente de automóvel na Tailândia, outra a um combate de kickboxing entre duas atletas não transgénero. Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é: ERRADO No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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