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| - “A Rússia é o primeiro exportador mundial de fertilizantes, o conflito fez disparar o preço dos adubos com azoto nítrico, amoniacal, potássio e fosfato. A quota-parte das exportações russas varia ao nível mundial e segundo o tipo de fertilizante de 10% a 23%. Em conjunto com a Ucrânia, as exportações dos dois países representam 28% das exportações mundiais, 60% no que concerne os nitratos de amónio (a produção ucraniana de 2020 aumentou 35% comparativamente a 2019, com cinco unidades que produziam até hoje 860 mil toneladas)”, começa por se destacar na publicação de 18 de abril.
O autor do texto chega prontamente à conclusão de que “o impacto na produção alimentar mundial é relevante“, até porque “o Brasil é um dos primeiros importadores de fertilizantes, representa 8% das importações mundiais, vindas da China, Qatar, mas também da Ucrânia, Rússia e da Bielorrússia”.
Assim, e com a “contração da produção mundial e para proteger a própria produção intensiva”, a China terá reduzido “de forma drástica ou na quase totalidade a exportação de adubos. Neste contexto, dos 75% dos fosfatos consumidos no Brasil e importados 36% provinham até agora da China e Rússia, nos fertilizantes com nitrogénio a dependência em 95%, 47% é proveniente da Rússia, China e Ucrânia”.
No mesmo post exibe-se ainda uma tabela referente aos maiores produtores mundiais de sementes de girassol, liderada precisamente pela Rússia e Ucrânia, os países beligerantes da guerra em curso.
Os números indicados estão corretos? Assim como as demais alegações?
Começando por analisar os dados do Observatório de Complexidade Económica (OEC na sigla em inglês), é um facto que, em 2020, a Rússia exportou 7,6 mil milhões de dólares em fertilizantes, tornando-se então no maior exportador do mundo. Nesse mesmo ano, os fertilizantes destacaram-se como o sétimo produto mais exportado pela Rússia, sendo que o principal destino das exportações foi o Brasil (1,43 mil milhões de dólares), seguindo-se a Estónia (555 milhões de dólares), a Índia (540 milhões de dólares), a China (531 milhões de dólares) e os Estados Unidos da América (442 milhões de dólares).
Em dezembro de 2021, cerca de dois meses antes do início da ofensiva militar na Ucrânia, as exportações de fertilizantes representaram 1,83 mil milhões de dólares para a Rússia. As importações, por sua vez, somaram um total de 12,2 milhões de dólares, o que perfaz um saldo positivo de 1,82 mil milhões de dólares. “Entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, as exportações de fertilizantes da Rússia aumentaram 144%, enquanto as importações aumentaram 48,1%”, nota o OEC.
No dia 19 de abril, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) disse ser necessário “facilitar o acesso aos fertilizantes a partir das regiões em conflito”, demonstrando apoiar o Brasil na defesa de exclusão das sanções internacionais aos fertilizantes russos. “Precisamos de conversar com os membros, para vermos como avançar e superar os problemas, como acertar um tratamento excecional para a livre circulação de fertilizantes“, afirmou Ngozi Okonjo-Iweala.
O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, já tinha aliás salientado que “a Rússia e a Bielorrússia são dos maiores fornecedores de fertilizantes minerais” e que se os países ocidentais continuassem “a criar problemas ao financiamento e logística na entrega dos nossos bens”, os preços iriam aumentar e isso iria “afetar o produto final, os produtos alimentares”.
No que respeita à produção de sementes de girassol, e tendo por base os números inscritos na tabela exibida na publicação, cuja fonte é o portal de estatísticas da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), é verdade que, no ano de 2019, a Rússia ficou em primeiro lugar na produção de sementes de girassol, seguida de perto pela Ucrânia e pela Argentina. A produção total de sementes de girassol subiu 7,42% em 2019 relativamente a 2018 e 41,4% quando comparada com 2009.
A Rússia foi, nesse mesmo ano de 2019, responsável por 27,4% da produção de sementes de girassol no mundo. Os três maiores produtores (Rússia, Ucrânia e Argentina) tiveram uma participação de 61,5%, ao passo que os 10 maiores produtores acumularam cerca de 86,5%.
Ainda assim, e de acordo com dados mais recentes compilados no portal Statista, a Ucrânia passou a ser o país que, desde 2021, mais produz sementes de girassol, além de ser o maior exportador do mundo de óleo de girassol.
Em suma, a publicação baseia-se em dados corretos mas também contém informação desatualizada (embora não se desvie muito dos valores registados no ano de 2019).
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Avaliação do Polígrafo:
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