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| - “Somos o 9.º país do mundo mais contaminado com monkeypox (varíola-dos-macacos)”, destaca-se num post de 27 de julho no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedidos de verificação de factos.
Poucos dias antes, a 23 de julho, perante o aumento dos casos de infeção em múltiplos países, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto de varíola-dos-macacos como uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional (PHEIC, na sigla em inglês), com base em três critérios: acontecimento extraordinário, que represente perigo elevado à saúde pública de outros países e que exija uma resposta internacional coordenada.
“Temos um surto que se está a espalhar rapidamente à volta do mundo, do qual sabemos muito pouco e que cumpre os critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, afirmou então o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, estabelecendo recomendações para quatro grupos de países.
O primeiro desses grupos inclui os países que ainda não reportaram casos de varíola-dos-macacos ou que não têm registo de contágios há mais de 21 dias. O segundo abrange os países com casos recentes importados e com transmissão entre humanos. O terceiro grupo comporta os que apresentam transmissão do vírus entre animais e humanos. Por fim, o quarto inclui os países com capacidade de produção de testes, vacinas e tratamentos.
Mais especificamente em Portugal, de acordo com o último relatório divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), regista-se um total de 588 casos confirmados de infeção com varíola-dos-macacos.
Todas as regiões de Portugal continental e a Madeira reportaram casos de infecção humana pelo vírus, mas a grande maioria do total de casos (80,3%) foi confirmada em Lisboa e Vale do Tejo. O Norte é a segunda região do país com mais casos reportados (55), seguindo-se o Centro (oito), o Alentejo (cinco), o Algarve (quatro) e a Madeira (três), refere a informação semanal da autoridade de Saúde.
De acordo com a informação da DGS, do universo de 391 casos reportados no Sistema de Vigilância Epidemiológica, a maior parte pertence ao grupo etário entre os 30 e 39 anos de idade e a quase todos os infetados (99,8%) são homens, com apenas um caso notificado de uma mulher, no “contexto de um eventual contacto com um caso confirmado”.
Importa aqui salientar que o diretor-geral da OMS informou que, atualmente, o surto concentra-se sobretudo em “homens que fazem sexo com homens, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais“. Não obstante, “o estigma e a discriminação podem ser tão perigosos como qualquer vírus”, advertiu Ghebreyesus.
Segundo a DGS, uma pessoa que esteja doente deixa de estar infeciosa apenas após a cura completa e a queda de crostas das lesões dermatológicas, período que poderá, eventualmente, ultrapassar quatro semanas. Os sintomas mais comuns da doença são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos com o aparecimento progressivo de erupções que atingem a pele e as mucosas.
Ora, com 588 casos de infeção, de facto, Portugal é “o 9.º país do mundo mais contaminado“, tal como se alega no post em causa.
De acordo com os dados compilados no portal “Our World in Data“, os oito países do mundo com mais casos confirmados do que Portugal (até ao dia 26 de julho) são os seguintes, por ordem decrescente: Espanha (3.738), Estados Unidos da América (3.480), Reino Unido (2.437), Alemanha (2.410), França (1.562), Países Baixos (818), Brasil (813) e Canadá (681).
Em proporção da respetiva população, contudo, Portugal tem 57,14 casos por cada milhão de habitantes e só é superado neste indicador, em todo o mundo, pela vizinha Espanha que tem 78,72 casos por cada milhão de habitantes.
Ou seja, Portugal é o 2.º país do mundo mais contaminado por monkeypox em proporção da respetiva população, até ao dia 26 de julho.
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Avaliação do Polígrafo:
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