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| - “O CEO da Pfizer, Albert Bourla, diz que… ’Nós sabemos que as duas doses da vacina oferecem uma proteção muito limitada, se é que oferecem alguma’”, lê-se numa publicação partilhada no Facebook, no dia 12 de janeiro.
O post inclui ainda um vídeo de 2 minutos e 47 segundos onde, aos 24 segundos, Albert Bourla diz a frase citada na publicação em loop, três vezes, e sem qualquer contexto.
O Polígrafo encontrou o vídeo original, uma entrevista de 11 minutos que Bourla deu ao “Yahoo! Finance”, no dia 10 de janeiro. A certa altura, Albert Bourla e a entrevistadora falam sobre o impacto da variante Ómicron e o diretor da Pfizer é questionado sobre as vacinas de reforço. “A situação deteriorou-se claramente por causa da Ómicron. É uma variante que se manifesta um pouco menos, quer dizer, é mais ligeira, mas devido às altas taxas de infeção, os números de hospitalizações e absolutos continuam a ser muito mais elevados em termos de doença grave e ocupação de UCI”, começou por dizer Bourla.
“Sabemos que as duas doses da vacina oferecem uma proteção muito limitada, se é que existe alguma. As três doses – com um reforço – oferecem uma proteção razoável contra hospitalização e mortes. Contra mortes penso que isto é muito bom”, continuou o diretor da Pfizer. “Estamos a trabalhar numa nova versão da nossa vacina, que abrangerá também a Ómicron. E claro que estamos à espera de obter os resultados finais, mas a vacina estará pronta em março e conseguiremos produzir a vacina em grande escala”.
Assim, as declarações de Bourla foram descontextualizadas. Na realidade, o presidente executivo da Pfizer referia que as duas doses da vacina Pfizer/BioNTech eram comparativamente ineficazes no combate à propagação da variante Ómicron – especificamente – mas receber uma terceira dose, ou seja, um reforço, poderia fazer a diferença.
De acordo com plataforma de fact-checking Snopes, não havia motivos para a avaliação do CEO da Pfizer gerar controvérsia, uma vez que foi apoiada por investigações científicas recentes. Por exemplo, num artigo publicado em dezembro, na revista “Cell”, os investigadores descobriram que “duas doses de vacinas baseadas no mRNA [como a produzida pela Pfizer/BioNTech] provocam uma fraca neutralização da Ómicron”, mas que “três doses de vacina contra o mRNA provocam uma potente neutralização cruzada da variante de mRNA, incluindo a Ómicron”.
Em suma, Albert Bourla não disse que a vacina da Pfizer era incapaz de combater a Covid-19 em geral, afirmou que duas doses poderão ser insuficientes no combate à nova variante Ómicron.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falta de contexto: conteúdos que podem ser enganadores sem contexto adicional.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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