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  • Existe carne estragada na greve sendo maquiada com química para a venda? A greve dos caminhoneiros já acabou, mas as correntes sobre ela continuam a circular pelas redes sociais. Uma delas alerta para o perigo de consumir carne estragada, algo que supostamente deveria ser evitado pelos brasileiros neste primeiro momento. “Amigos, o marido de nossa conhecida é motorista de caminhão de um distribuidor para supermercados grande. Ele disse que ninguém deve consumir carne depois que a greve acabar pois os baús estão cheios de carnes descongeladas”, afirma a mensagem. Para manter o aspecto das carnes estragadas, os responsáveis aplicariam alguns produtos químicos, como formol, soda cáustica, vinagre industrial e corante de urucum. “[Depois seriam] novamente reembaladas e recongeladas de novo e vão para consumo”, conclui o "alerta". FALSO: produtos químicos não recuperam nem maquiam carnes estragadas A corrente é puro alarmismo. Especialistas ouvidos pelo UOL disseram considerar as informações passadas absurdas e inviáveis. “É impossível de a carne ser colocada à venda se estiver deteriorada. Deu problema na validade ou descongelou, é descartada, não tem como comercializar”, afirma ao UOL o porta-voz Abrafrigo (Associação Brasileira dos Frigoríficos). “Não há produto no mundo que tire o aspecto de podre.” O químico Rogério Aparecido Machado, professor da Universidade Presbiteriana, concorda. “Depois que apodreceu, não tem o que fazer. Não adianta congelar, não volta a ser o que era. Pelo contrário: fica até pior”, afirma o acadêmico. De acordo com Machado, especialista em saúde pública, colocar produtos químicos, na verdade, só dificulta o processo de congelamento, mesmo para peças boas. “O sal, por exemplo, muda a temperatura de congelamento da água. Com outros produtos, funciona do mesmo jeito”, explica. O químico chamou de “folclore” os produtos citados pela corrente. “Falar em soda cáustica é de dar risada, já que ela decompõe qualquer coisa e é usada para limpar privadas. Formol deve ser que estão confundindo com cadáver”, afirma Machado. “Esse produto é usado para conservar peças em aulas de anatomia para que os alunos sintam a textura da carne, mas para nós o cheiro é completamente insuportável, além de o consumo fazer mal.” Por meio de nota enviada ao UOL, o Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), do Ministério da Agricultura, afirmou que não recebeu relatos ou denúncias sobre os casos presentes na corrente divulgada por aplicativos de mensagens. “Existiu um alarmismo muito grande em torno dessa história”, afirma o porta-voz da Abrafrigo. “Os caminhões deram as cargas como perdidas. O que está vindo ao consumidor agora é tudo carga nova.” De acordo com a associação, os frigoríficos brasileiros deixaram de contabilizar cerca de R$ 4,5 bilhões durante a greve. Tentativas de venda de produtos vencidos No entanto, apesar de não poder mascarar o apodrecimento de carnes com produtos químicos, houve casos de tentativa de comercialização de produtos vencidos durante e após a greve. No dia 30 de maio, a Vigilância Sanitária de Barretos, no interior de São Paulo, apreendeu 600 kg de carne suína em estágio inicial de apodrecimento a caminho de um supermercado da cidade por meio de denúncia anônima. Já na última segunda-feira (4), o Procon AM (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor do Amazonas) encontrou carnes bovina, suína e peixes fora do prazo de validade à venda em um supermercado em Manaus. Recomendações aos consumidores, frigoríficos e supermercados Para evitar incidentes como estes e o consumo de carnes fora da validade, a Abrafrigo informa que orientou todos os frigoríficos a descartar qualquer carne que não estivesse nos padrões. “O consumidor também deve olhar para o aspecto do alimento”, recomenda o porta-voz da associação. O Procon de São Paulo afirma que, em caso de compra de um produto fora da validade, o consumidor tem direito à substituição por outro da mesma espécie em perfeitas condições de uso ou à restituição imediata da quantia paga, com atualização monetária se for o caso. Também é possível denunciar casos como os relatados nesta reportagem pela Vigilância Sanitária de sua cidade, pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou pela ouvidoria do Ministério da Agricultura. “Importante que contenha na denúncia o registro do estabelecimento junto ao Serviço de Inspeção (Federal, Estadual ou Municipal) e o número de lote dos produtos implicados, para que possamos realizar os procedimentos fiscalizatórios cabíveis e com celeridade”, completou o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. ID: {{comments.info.id}} URL: {{comments.info.url}} Ocorreu um erro ao carregar os comentários. Por favor, tente novamente mais tarde. {{comments.total}} Comentário {{comments.total}} Comentários Seja o primeiro a comentar Essa discussão está encerrada Não é possivel enviar novos comentários. Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar. Só assinantes do UOL podem comentar Ainda não é assinante? Assine já. 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