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| - O alerta começa por chamar a atenção a “mulheres de Lisboa que andam de Uber e Bolt”, duas plataformas TVDE, ou seja, “transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma eletrónica”, segundo a legislação.
“Sempre que chamarem um carro, verifiquem a nacionalidade do condutor e, se puderem, antes de entrar no carro partilhem a vossa localização com alguém da vossa confiança (ex: partilha via WhatsApp) porque já há casos de meninas que sofreram de tentativas de rapto (possivelmente para tráfico humano) por condutores de nacionalidade indicana, marroquina ou nepalesa. E a forma de o fazerem é espirrar um perfume no momento em que vocês entram e perdem automaticamente os sentidos! A última menina conseguiu sair a tempo do carro (em Lisboa)”, descreve-se numa denúncia a circular em formato de stories no Instagram, mas também em publicações no Facebook a circular desde dia 1 de maio.
“A Bolt e a Uber nada fazem para mudar isso e quando pedem para fornecer os dados do motorista, não fornecem! A única coisa que conseguem é, de facto, a matrícula do carro. Portanto, todo o cuidado é pouco. Stay safe, girls [Mantenham-se seguras, meninas]”, conclui o alerta.
Mas terá este alegado esquema fundamento? Foram efetuadas queixas neste sentido?
Contactada pelo Polígrafo, a PSP nega ter tido queixas neste sentido ou “ocorrências compatíveis”.
“Relativamente à questão apresentada de um alerta que circula nas redes sociais sobre tentativa de rapto de jovens em carros da Bolt e Uber, a PSP informa que não tem registo de situações passíveis de se enquadrar no descrito, nem outras ocorrências compatíveis”, informa a autoridade.
Apesar da inexistência de queixas, a PSP aconselha os cidadãos a só aceitarem “iniciar viagem se previamente registada na plataforma”.
“Mantenham os familiares e ou amigos próximos informados das deslocações, nomeadamente partilhando a localização do telemóvel com alguém da máxima confiança. Em caso de comportamento inadequado por parte do condutor, seja no relacionamento interpessoal como na forma de condução, deve ser utilizada a funcionalidade de reclamação da plataforma. Em caso de comportamento grave ou tentativa de prática de qualquer crime, solicitamos que os cidadãos informem a Polícia de Segurança Pública, permitindo a atempada reação e investigação”, conclui a autoridade.
A plataforma Bolt também rejeita a existência de queixas. “Desde o início do ano, não registamos nenhum caso sinalizado no nosso serviço de apoio ao cliente, que está disponível 24h por dia, nem ao nível das nossas plataformas de redes sociais, relacionado com o alerta mencionado”.
“Lamentamos qualquer experiência que possa ter ocorrido, similar ao que está a ser divulgado online, e apelamos a todos os que utilizam a nossa aplicação que nos contactem nestes contextos. Salientamos que todos os casos que nos são reportados são avaliados e seguidos atentamente pela nossa equipa, e estamos sempre ao dispor para colaborar com as autoridades para investigar quaisquer práticas ilícitas ou que ponham em risco a segurança dos passageiros”, acrescenta a mesma entidade em resposta ao Polígrafo.
De resto, também a Bolt deixa algumas dicas de segurança para utilização dos seus serviços: “Temos integrada na nossa aplicação a função de ´Partilhar Dados de Viagem´, que permite facilmente a qualquer amigo ou familiar (mesmo que não tenha a aplicação) acompanhar o trajeto da pessoa em questão. O botão ´Apoio de Emergência´ na nossa aplicação permite também alertar os serviços de emergência de forma rápida e discreta. Além disso, também envia uma notificação à nossa equipa de Segurança, que irá fazer imediatamente uma chamada para saber o que está a acontecer. É possível também verificar sempre as informações relativas aos motoristas, como o seu nome, fotografia, modelo de carro e matrícula respectiva”.
A Bolt conclui ainda que os condutores necessitam de atualizar com regularidade o registo criminal e que este é um dos critérios para obtenção legal de licenciamento para transporte privado de passageiros. No mesmo sentido aponta a Uber sobre os seus condutores: “Todos os motoristas que trabalham com a nossa aplicação são motoristas licenciados, com atividade aberta e devidamente registados junto das autoridades e, se aplicável, que possuem autorizações de residência. Verificamos regularmente a sua identidade e credenciais na aplicação. Além disso, fornecemos aos nossos utilizadores e motoristas uma série de ferramentas e funcionalidades para garantir a sua segurança e permitir a avaliação do serviço em todos os momentos”.
De resto, Francisco Vilaça, Diretor-Geral da Uber em Portugal, afirma que a empresa está “absolutamente empenhada em garantir a segurança de todos os que utilizam a nossa plataforma”, mas sobre potenciais queixas não dá nem resposta afirmativa nem negativa. “A Uber não comenta queixas feitas através da plataforma ou alegações nas redes sociais”, conclui quando novamente questionado pelo Polígrafo.
Em suma, o Polígrafo não pode afirmar com absoluta segurança que não tenha ocorrido qualquer incidente, mas a verdade é que não há registo de queixas que suportem a denúncia em análise, pelo que optamos pela avaliação de “falso”.
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