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| - “Obrigada, senhores desgovernantes. Cerca de 30% dos pobres em Portugal têm trabalho“, realça-se num post de 25 de março no Facebook, enviado ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.
A alegação parece ter sido replicada a partir de uma entrevista do presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEG), João Pedro Tavares, à rádio TSF, datada de 25 de março, com a referida frase – “Cerca de 30% dos pobres em Portugal têm trabalho” – em destaque no título.
Questionado sobre se o Estado está a cumprir o seu papel no combate às desigualdades e à pobreza, Tavares respondeu da seguinte forma: “O número de pessoas que precisa de assistência é um número muito elevado, de assistência social, porque Portugal tem um excesso de, não digo excesso, mas digo um número muito elevado, uma pirâmide demográfica invertida, tem um número muito elevado de pessoas reformadas e com isso faz com que essas pessoas precisem de assistência social e depois têm que combater os níveis de pobreza”.
Na entrevista, Tavares defendeu que “não podemos transformar a pobreza apenas e só de forma assistencial” e sublinhou que “depois dos estudos que foram feitos com a academia” verificou-se que “30% dos pobres finais são trabalhadores“. Pelo que diz ser necessário “fazer um programa de transformação, de combate e erradicação da pobreza”.
O estudo em causa foi desenvolvido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e publicado em abril de 2021. Analisa quem são e como vivem os pobres em Portugal, qual a dimensão da pobreza no país e a evolução da mesma ao longo dos anos.
“Os trabalhadores pobres constituem um cluster de pobreza com clara expressão no nosso país, representando 32,9% dos cidadãos em situação de risco de pobreza em Portugal”, informa-se no estudo. Ou seja, uma percentagem muito próxima da que foi indicada na entrevista por Tavares.
De acordo com os últimos dados da Pordata sobre a “Taxa de risco de pobreza da população empregada” nos Estados-membros da União Europeia, referentes a 2021, Portugal é o sexto país com maior percentagem de pessoas que, mesmo trabalhando, dispõem de rendimentos inferiores ao limiar do risco de pobreza (já tendo em conta as transferências sociais recebidas).
A taxa de risco de pobreza entre a população empregada aumentou em 2021 face ao ano anterior. Em 2020, a taxa de risco de pobreza para os trabalhadores em Portugal era de 9,5% (colocando o país na 9.ª posição da tabela), ao passo que a média da União Europeia era de 8,8%. Já em 2021, essa taxa aumentou para 11,2%, tendo a média da União Europeia subido também (ligeiramente) para 8,9%.
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Avaliação do Polígrafo:
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