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  • A morte de George Floyd — detido e asfixiado por um polícia, que manteve um joelho em cima do pescoço do homem durante vários minutos — desencadeou uma onda de manifestações que se tem traduzido em milhares de pessoas nas ruas dos EUA e em várias cidades do mundo, incluindo Lisboa. Os protestos anti-racistas têm no centro da discussão a violência policial, mas também a discriminação racial sentida sobretudo pela comunidade afro-americana. De acordo com uma publicação viral no Facebook, a gota de água para a revolta pode ter sido o que aconteceu em Minneapolis a 25 de maio, mas tudo fará parte de um plano bem maior e mais antigo do magnata húngaro-americano George Soros. “Vou derrubar os Estados Unidos financiando grupos de ódio negro. Vamos colocá-los em uma armadilha mental e fazê-los culpar os brancos”, teria dito em setembro de 2014 ao jornal alemão “Bild”. Nada disto é verdade: nem a entrevista aconteceu, nem o milionário disse estas frases. No arquivo da publicação alemã nenhuma das pesquisas que o Observador fez devolveu resultados no mês de setembro de 2014. Se esquecermos o ano e o mês e escrevermos “George Soros interview [entrevista]”, ficamos na mesma. Em 2014, o “Bild” apenas publicou dois artigos que falam vagamente de Soros. Um, de abril desse ano, é sobre políticos búlgaros e o outro, de novembro, sobre doações milionárias para eleições no congresso norte-americano. À agência “Reuters”, o jornal garantiu não existir nada mais além disso. “Não houve nenhuma entrevista com George Soros no ‘Bild’ ou em ‘bild.de’ em 2014”, disse um porta-voz. “O meme é falso”, acrescentou. Também The Open Society Foundations, a organização fundada por George Soros — no site oficial está descrita como “o maior financiador privado do mundo de grupos independentes que trabalham pela justiça, governação democrática e direitos humanos” —, afirmou à Reuters através de email que “esta citação é uma completa fabricação”: O discurso atribuído a Soros, que diz ainda que “a comunidade negra é a mais fácil de manipular”, circula nas redes sociais desde 2016. Nessa altura, a plataforma de fact check “Snopes” já tinha desmontado a história e identificado a origem. Tudo terá começado a 19 de agosto desse ano no Tumblr, na página “Overpasses for America”. Agora que a publicação reapareceu na sequência dos mais recentes acontecimentos nos Estados Unidos, uma ativista conservadora, Candace Owens, usou o Twitter para acusar George Soros de pagar a estes “bandidos” e de estar a “financiar o caos via a sua Open Society Foundation”. The Minneapolis chief of police just confirmed that many of the protesters that are burning down the city are NOT FROM MINNEAPOLIS. My guess: As he did with Antifa, Democrat George Soros has these thugs on payroll. He is funding the chaos via his Open Society Foundation. pic.twitter.com/ZWDQfLUjfa — Candace Owens (@RealCandaceO) May 28, 2020 A entidade respondeu na mesma rede social. “O senhor Soros e a Open Society Foundations opõem-se a qualquer tipo de violência e não pagam a pessoas para protestar. Lamentamos, através de alegações infundadas, o esforço de distrair da crise da brutalidade policial em Minneapolis e em demasiadas outras partes do país”, pode ler-se no Tweet. Hi Candace, Mr. Soros and the Open Society Foundations oppose all violence and do not pay people to protest. We lament the effort, through baseless allegations, to distract from the crisis of police brutality in Minneapolis and in too many other parts of the country. — Open Society Foundations (@OpenSociety) May 28, 2020 Conclusão George Soros nunca disse que pretendia financiar grupos de ódio negro para derrubar os Estados Unidos. A entrevista citada também não existe. Informação circula desde 2016 e reapareceu agora, na sequência dos protestos anti-racismo nos EUA. A Open Society Foundations, organização criada pelo magnata, garantiu igualmente que a citação é uma “completa fabricação”. De acordo com o sistema de classificação do Observador este conteúdo é: No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos. Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
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