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| - Ao início da tarde de hoje, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, prestou declarações no âmbito de uma conferência de imprensa, com o objetivo de responder às acusações feitas pelo seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro, que o acusou de querer mentir e ocultar documentos à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP. Após ter lido um texto preparado para o efeito, Galamba foi questionado por uma jornalista da seguinte forma:
“Há de facto uma contradição, porque é o próprio Frederico Pinheiro que diz que na reunião de dia 5 de abril não só ele referiu a existência dessas notas, como até todos os presentes nessa reunião concordaram que elas não seriam importantes e que portanto não deveriam ser divulgadas. A acusação de que houve ocultação por parte do próprio ministro é do Frederico Pinheiro. Nega então que haja essa informação e que haja essa contradição?”
“Nego categoricamente e nego por duas razões“, respondeu prontamente Galamba. “Em primeiro lugar porque, efetivamente, as notas foram entregues. E foram entregues pelo meu gabinete. Não foram classificadas, foram disponibilizadas ao Parlamento e à Comissão Parlamentar de Inquérito nos termos em que foram pedidas e nos exatos termos em que foram entregues por Frederico Pinheiro. E imediatamente depois de terem sido entregues”.
“E só foram entregues quase no final do segundo prazo porque só foram entregues nesse momento por Frederico Pinheiro”, prosseguiu o ministro. “E nós temos a demonstração, ao longo de todo o período que foram feitas insistências, temos testemunhas… Sobre a reunião de dia 5 de abril como referiu, Frederico Pinheiro alega que deu. Quatro testemunhas desmentem categoricamente que o tenha feito. E, aliás, essas quatro testemunhas confirmam que, tendo-lhe sido reiteradamente pedido que confirmasse, que verificasse, que se lembrasse – porque de facto era normal tirar notas e tirava-as sempre num computador e não em papel, em todas as reuniões em que participou – e por isso a insistência…”
“Não se trata de duas versões contraditórias“, sublinhou Galamba.
O facto, porém, é que as duas versões – do ex-adjunto e do ministro – são inconciliáveis. Neste momento não dispomos de dados que permitam aferir sobre quem está a mentir, mas não há qualquer dúvida de que existem duas versões contraditórias e, inevitavelmente, uma das partes está a mentir.
De acordo com a versão de Frederico Pinheiro, divulgada ontem pela CNN Portugal, “foi o próprio João Galamba a informar Christine Ourmières-Widener de que se iria realizar uma reunião preparatória antes de a ex-CEO ter ido ao Parlamento a 16 de janeiro. O então adjunto do ministro informou-o por escrito da intenção da TAP em participar na reunião. Afirma Frederico Pinheiro que foi João Galamba a dar a autorização para a presença de um membro da companhia aérea”.
“De imediato Frederico Pinheiro envia um e-mail aos serviços do Ministério das Infraestruturas para enviarem os convites para a participação da CEO da TAP na reunião, a realizar no dia seguinte via plataforma Zoom“, revelou o ex-adjunto, “garantindo que ‘tinham sido articuladas perguntas a serem efetuadas pelo Grupo Parlamentar do PS’, tendo também sido referidas as respostas e as estratégias de comunicação à CEO da TAP. Divulgada a existência da reunião, o ministro das Infraestruturas não terá visto qualquer problema. ‘Reforçou que tinha sido o próprio, a 16 de janeiro, a revelar a Christine Ourmières-Widener a existência de uma reunião preparatória entre o Ministério das Infraestruturas e o GPPS, a realizar a 17 de janeiro’, expõe no comunicado”.
“O ex-braço direito de João Galamba acrescenta depois que foram tomadas notas da reunião preparatória, as quais foram registadas no computador. Notas que ‘resumiam o que tinha sido abordado em ambas as reuniões’, noticiou a CNN Portugal, com base na versão de Pinheiro.
Por sua vez, Galamba negou “qualquer acusação de que, por qualquer forma, tenha procurado condicionar ou omitir informação prestada à CPI da TAP”. Nesse âmbito, duas mensagens de WhatsApp (enviadas por Galamba a Pinheiro) a que a SIC teve acesso parecem mostrar que o ministro ficou surpreendido com o facto de, afinal, existirem notas sobre a reunião “secreta” com a ex-CEO da TAP
No entanto, o jornal “Expresso” apurou entretanto “que, na resposta que Frederico Pinheiro envia horas depois, também por WhatsApp a Galamba, essa posição é posta em causa: ‘Olá João e Eugénia, boa tarde. Só vi agora o telemóvel’, diz Frederico Pinheiro, acrescentando ao ‘Expresso’ que no feriado estava longe de casa. Mas, acrescenta, a mensagem: ‘As notas que eu referi ontem à Cátia [adjunta do gabinete que estava a preparar respostas formais à CPI] são as mesmas que referi e li na nossa reunião no gabinete da Eugénia.'”
“Essa reunião, diz agora o ex-adjunto do Ministério ao ‘Expresso’, aconteceu um dia depois da ex-CEO ter ido à própria Comissão de Inquérito à TAP, onde confirmou a existência de tal reunião. Terá sido, alega, a 5 de abril, e nela estavam Galamba, a sua chefe de gabinete, a adjunta e o próprio Frederico”, informou o jornal.
Reiteramos: há duas versões contraditórias e inconciliáveis.
De resto, importa salientar que o facto de as notas terem sido entregues não invalida uma eventual tentativa de ocultação prévia a essa entrega. Aliás, Pinheiro garante que na reunião de 5 de abril “os responsáveis acordaram que, em caso de requerimento pela Comissão Parlamentar de Inquérito, as referidas notas não seriam partilhadas por serem um documento informal”.
Mais, Galamba diz que Pinheiro “alega que deu” as notas na reunião de 5 de abril, mas Pinheiro limita-se a sublinhar que essas notas “são as mesmas que referi e li na nossa reunião” de 5 de abril, não diz que as entregou nessa reunião – até porque tal não era suposto, de acordo com a sua versão dos acontecimentos.
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Avaliação do Polígrafo:
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