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| - O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, ao intervir num encontro com trabalhadores no dia 27 de fevereiro, dedicado ao tema “Material circulante e produção nacional”, sublinhou que desde o ano de 2003 que não são adquiridos novos comboios em Portugal.
“Desde 2003 que em Portugal não se compra um comboio. Cada Governo limita-se a constatar a necessidade, a prometer resolver o problema, a lançar um concurso a tempo das eleições e a deixar esse concurso cair depois, substituindo-o por uma nova promessa ou um novo plano ou um novo concurso, empurrando o problema com a barriga até à situação que temos hoje”, pode ler-se num excerto do discurso publicado no site do partido.
“Recordamos: o concurso cancelado em 1999 para material para Cascais; o concurso cancelado em 2001 de aquisição de Automotoras Diesel Ligeiras; o concurso cancelado em 2001 para remodelação de carruagens do Inter-regional; o concurso cancelado em 2009 para aquisição de unidades para o Metro do Mondego; o concurso cancelado em 2010 para aquisição de Automotoras Regionais Diesel; o concurso cancelado em 2010 para aquisição de material circulante eléctrico para o suburbano, entre outros”, enumerou Jerónimo de Sousa.
“E agora, temos o concurso para aquisição de comboios para o regional travado por uma providência cautelar sem que o Governo tenha usado todos os instrumentos que detém para defender o interesse público“, criticou.
Confirma-se que desde 2003 que não são comprados novos comboios em Portugal?
Em nota enviada ao Polígrafo, fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação (MIH) destacou que, relativamente ao “concurso travado” para a aquisição de material circulante para o serviço regional em 2019, a situação não se encontra exatamente como o PCP alega.
“Relativamente à informação veiculada pelo PCP, temos de precisar que no que toca a ‘2019: Concurso Travado’, o concurso está a correr e não foi o Governo que o travou. O contrato está pronto a ser adjudicado logo que se ultrapasse o pedido de impugnação de um dos concorrentes. Trata-se de um concurso para aquisição de 22 novas unidades“, assegura o MIH.
“Tal como o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, já referiu por diversas vezes, houve um desinvestimento na ferrovia ao longo das últimas décadas. O atual Governo quer reverter essa situação e colocou o investimento na mobilidade coletiva no topo das suas prioridades e não há nenhum meio de transporte que bata o comboio pesado”, acrescenta.
De acordo com o MIH, já foi feita “uma encomenda de 22 comboios” e está a ser realizado “um investimento de recuperação de material circulante”, o que “permitirá durante este ano colocar mais comboios em circulação“. Porém, sublinha que tal não invalida a “necessidade de contratação de comboios novos”.
Não obstante, o facto é que o MIH reconhece que ainda não foram comprados novos comboios desde o ano de 2003. Concluímos assim que a alegação de Jerónimo de Sousa – replicada em várias publicações do PCP nas redes sociais – é verdadeira.
Avaliação do Polígrafo:
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